Fórum de Discussão: o retorno a uma utopia realizável - a Universidade do Minho como projecto aberto, participado, ao serviço do engrandecimento dos seus agentes e do desenvolvimento da sua região

terça-feira, março 25, 2008

Uma nova ambição para a Universidade do Minho: construir uma universidade do Século XXI

«Caros(as) colegas,
A título de contributo para o debate sobre a revisão estatutária em curso, queiram considerar a moção de estratégia que se apresenta de seguida:


Uma nova ambição para a Universidade do Minho: construir uma universidade do Século XXI

1. A “universidade do século XXI”, por contraponto da ditada pelos paradigmas científico-pedagógicos das universidades “escolástica” e “clássica”, é uma instituição em que i) o conhecimento é criado através da investigação científica e na qual uma renovada dinâmica se institui entre a investigação e desenvolvimento, inovação e transferência, ii) a formação académica insere-se no processo de criação de conhecimento e da sua fundamentação e iii) a qualidade da acção formativa conduzida é avaliada pelos indicadores globalmente estabelecidos. Este desempenho pode ser aferido por indicadores a nível de financiamento captado em concorrência directa, de reconhecimento científico à escala internacional, de impacte directo na comunidade e de sucesso profissional dos seus alunos. Uma ligação forte à sociedade, sem limites geográficos, é uma prática que caracteriza as melhores universidades, tendo a Universidade do Minho um caminho já percorrido nalgumas áreas de conhecimento que interessa generalizar, reforçar e aprofundar.
2. Como poderemos concretizar o enunciado em 1?
2.1 Identificando áreas de sucesso reconhecido à luz dos critérios atrás definidos;
2.2 Empreendendo formas de reflexão-acção que dinamizem outras áreas, que sendo importantes nos domínios i) e ii) do enunciado em 1., parecem possuir na actualidade menos visibilidade;
2.3 Definindo áreas estratégicas prioritárias de desenvolvimento, enquadradas temporalmente, sem necessária exclusão de outras.
Para tal, urge clarificar os objectivos gerais de desenvolvimento a médio/longo prazo.
3. Nas tertúlias que têm sido levadas a cabo por este grupo, têm-se evidenciado algumas áreas como encaixando neste padrão da “universidade do século XXI” (como os materiais, os bio-materiais, a saúde, as nanotecnologias, as tecnologias de informação, o planeamento do território, os serviços tecnológicos e organizacionais): um melhor conhecimento do que se passa noutras áreas científicas seria facilitado com uma participação mais activa de colegas dessas áreas no debate universitário, nomeadamente nas tertúlias organizadas por este grupo.
4. Quaisquer que sejam as áreas estratégicas a relevar, estas não poderão desenvolver-se sem que se invista, no horizonte mais próximo, no reforço da investigação científica e no estabelecimento de programas de pós-graduação nas áreas com maior protagonismo e reconhecimento. Para tanto, as estruturas de suporte deverão, por um lado, adquirir um papel central na configuração dessa oferta de conhecimento, no próprio governo da universidade e das suas unidades orgânicas de ensino e de investigação. Devem também estabelecer planos de desenvolvimento que lhes permitam adquirir a dimensão necessária para se tornarem ainda mais competitivas no universo das entidades que com elas concorrem. Este processo permitirá viabilizar a sua própria constituição como unidades orgânicas autónomas, requisito necessário para que possam gerir com eficácia os recursos e os projectos gerados pela sua actividade e pelos quais sejam responsáveis.
5. O que é válido em matéria de investigação e de serviços tecnológicos também se aplica às Escolas. A autonomia orgânica, administrativa e financeira das Escolas facilitará o desenvolvimento do ensino e da investigação e evitará a fragmentação e, nalguns casos, a duplicação de áreas científicas, que, não raras vezes, concorrem nos mesmos mercados de formação. Em diálogo com os interessados, deverão procurar-se soluções que permitam reforçar os potenciais científicos e de formação.
6. As condições que facilitem a reunião de massas críticas a nível de ensino, de investigação e de prestação de serviços não serão suficientes para ter uma universidade capaz de trilhar o percurso que a afirme como uma “universidade do século XXI”, dinâmica, ousada e flexível. Um outro requisito será o modelo de governação, que terá que ser, ele próprio, flexível, dotado de eficácia, capaz de comunicar com a sociedade, as empresas e as demais organizações relevantes para a prossecução dos objectivos. Desse ponto de vista, modelos pesados, burocráticos, mesmo que aparentemente democráticos, têm conduzido a práticas de gestão que não têm contribuido para gerar soluções de desenvolvimento sustentado. A representação da comunidade académica deve andar a par de fórmulas de gestão que aliem sentido estratégico, operacionalidade e eficácia. A mobilização da comunidade académica tem que fazer-se em torno de metas que sejam entendidas, adoptadas e perseguidas por todos e que sejam comunicadas à sociedade.

O Grupo de Reflexão sobre a Universidade do Minho

Cordiais cumprimentos.»
*
(reprodução integral de mensagem hoje distribuída na rede electrónica da UMinho)

Sem comentários: