1. Responder à questão sobre o que move os “bloggers” temáticos da Educação Superior tem, em princípio, as mesmas dificuldades que responder à pergunta sobre quais são os objectivos de qualquer indivíduo. Significa isto dizer que são sempre razões singulares as que assistem às atitudes das pessoas, qualquer que seja o contexto em que as queiramos considerar.
2. Mantida presente essa dificuldade original, enunciar as razões que assistem à acção dos “bloggers” que versam a problemática da gestão do Ensino Superior nacional nos derradeiros anos sugere-se um pouco mais simples se tomarmos por referência os temas que foram escolhidos para debate no encontro que os reuniu em Braga em meados de Março pp.; a saber: i) o papel dos blogues do Ensino Superior; ii) o novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior; iii) a Declaração de Bolonha; e iv) a eventual adopção por parte das Instituições de Ensino Superior (IES) do estatuto jurídico de fundações públicas de direito privado. Se a dezena de autores de “jornais de parede” electrónicos no activo convergiu na selecção destes temas por alguma razão terá sido.
3. Que têm em comum os temas retidos? Em princípio, dão notícia da reforma do Ensino Superior nacional e das dificuldades da respectiva renovação. Por outro lado, são expressão da vontade de alguns dos seus agentes de tomarem papel activo no debate e da sua postura inconformada com os termos em que se vai fazendo o pouco debate que acontece. Se há visão em que convergem será no desconforto com que assistem ao vingar de uma inércia imobilista, ao alheamento da comunidade académica e à falta de planeamento na execução das reformas anunciadas. O exemplo vem da tutela. Não espanta por isso que Mariano Gago não conte com a respectiva simpatia. Para mais, o estilo, arrogante e manipulador, não o facilitam. Azar o seu! Azar o nosso!
4. Desconfortáveis que estão com a ausência de planeamento, de rigor e, às vezes, de bom-senso do MCTES, vêm-se revelando não menos desconfortáveis, digo, com a inércia vivida nas IES, de uma forma geral. São marcos do clima vivido nas instituições a postura reactiva à reforma, chame-se ela Bolonha ou modelo de governação, os estados de alma marcados pela desmotivação, a descrença, e a afirmação, contra a urgência da renovação, de corporações de interesses, na continuidade das oligarquias que dominaram as IES nas últimas décadas. A debilidade do debate tem tudo que ver com essas dinâmicas e com esses interesses, reforçados pelo desânimo que os governos conseguiram que se instalasse na sociedade portuguesa, em razão de obsessões por equilíbrios orçamentais e do desinvestimento no Ensino Superior e em variadas políticas sociais.
5. O processo em curso não é, nem tem de ser, pacífico. É entretanto diferente haver visões diferentes da Universidade e dos caminhos a trilhar e uns quantos apresentarem-se como senhores dos seus destinos, para mais conhecendo-se “a verdade” de que são mensageiros. Penoso é constatar o "estado gripal do (des)ensino superior", na caracterização de Vasco Eiriz, editor do blogue “Empreender”, citando alguém. Penoso é que em reuniões dos órgãos académicos herdados do anterior ordenamento jurídico, a grande maioria dos professores mantenha um silêncio estrondoso, porque têm medo.
6. Face ao beco sem saída do presente, qualquer debate só pode resultar rico, por mais caótico que pareça. Que se dane o Zé Mariano, que, ironicamente, até pode ser louvado por tê-lo provocado, e que se dane o Augustus. Que se dane o Augustus, que ainda por cima é daltónico e viu bandeiras vermelhas onde só havia lenços brancos. Se as vacas são escanzeladas, porque há-de o académico fingir que as achas gordas? Deve achá-lo só porque lhe matraqueiam quotidianamente o espírito com discursos da reforma e das maravilhas que lhe hão-de chegar de Bolonha?
2. Mantida presente essa dificuldade original, enunciar as razões que assistem à acção dos “bloggers” que versam a problemática da gestão do Ensino Superior nacional nos derradeiros anos sugere-se um pouco mais simples se tomarmos por referência os temas que foram escolhidos para debate no encontro que os reuniu em Braga em meados de Março pp.; a saber: i) o papel dos blogues do Ensino Superior; ii) o novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior; iii) a Declaração de Bolonha; e iv) a eventual adopção por parte das Instituições de Ensino Superior (IES) do estatuto jurídico de fundações públicas de direito privado. Se a dezena de autores de “jornais de parede” electrónicos no activo convergiu na selecção destes temas por alguma razão terá sido.
3. Que têm em comum os temas retidos? Em princípio, dão notícia da reforma do Ensino Superior nacional e das dificuldades da respectiva renovação. Por outro lado, são expressão da vontade de alguns dos seus agentes de tomarem papel activo no debate e da sua postura inconformada com os termos em que se vai fazendo o pouco debate que acontece. Se há visão em que convergem será no desconforto com que assistem ao vingar de uma inércia imobilista, ao alheamento da comunidade académica e à falta de planeamento na execução das reformas anunciadas. O exemplo vem da tutela. Não espanta por isso que Mariano Gago não conte com a respectiva simpatia. Para mais, o estilo, arrogante e manipulador, não o facilitam. Azar o seu! Azar o nosso!
4. Desconfortáveis que estão com a ausência de planeamento, de rigor e, às vezes, de bom-senso do MCTES, vêm-se revelando não menos desconfortáveis, digo, com a inércia vivida nas IES, de uma forma geral. São marcos do clima vivido nas instituições a postura reactiva à reforma, chame-se ela Bolonha ou modelo de governação, os estados de alma marcados pela desmotivação, a descrença, e a afirmação, contra a urgência da renovação, de corporações de interesses, na continuidade das oligarquias que dominaram as IES nas últimas décadas. A debilidade do debate tem tudo que ver com essas dinâmicas e com esses interesses, reforçados pelo desânimo que os governos conseguiram que se instalasse na sociedade portuguesa, em razão de obsessões por equilíbrios orçamentais e do desinvestimento no Ensino Superior e em variadas políticas sociais.
5. O processo em curso não é, nem tem de ser, pacífico. É entretanto diferente haver visões diferentes da Universidade e dos caminhos a trilhar e uns quantos apresentarem-se como senhores dos seus destinos, para mais conhecendo-se “a verdade” de que são mensageiros. Penoso é constatar o "estado gripal do (des)ensino superior", na caracterização de Vasco Eiriz, editor do blogue “Empreender”, citando alguém. Penoso é que em reuniões dos órgãos académicos herdados do anterior ordenamento jurídico, a grande maioria dos professores mantenha um silêncio estrondoso, porque têm medo.
6. Face ao beco sem saída do presente, qualquer debate só pode resultar rico, por mais caótico que pareça. Que se dane o Zé Mariano, que, ironicamente, até pode ser louvado por tê-lo provocado, e que se dane o Augustus. Que se dane o Augustus, que ainda por cima é daltónico e viu bandeiras vermelhas onde só havia lenços brancos. Se as vacas são escanzeladas, porque há-de o académico fingir que as achas gordas? Deve achá-lo só porque lhe matraqueiam quotidianamente o espírito com discursos da reforma e das maravilhas que lhe hão-de chegar de Bolonha?
J. Cadima Ribeiro
(artigo de opinião publicado na edição impressa de 08/04/23 do ComUM, jornal)
2 comentários:
Bom dia JCR; Sejam bem vindos os textos de crítica à «situação».
ZM teve o meu acordo quando agitou as águas do charco lançando o RJIES.
Cadê o resto? Porquê coarctar à partida novas configurações do IES ? Só porque escapam ao controlo dos amigos?
MCTES deveria estar preocupado com a compreensão e a administração do desempenho ao longo do Tempo – no caso das entidades IES há uma concentração obsessiva nos custos, embora outras medidas do desempenho sejam igualmente importantes, especialmente as que fazem (deveriam fazer) parte das políticas públicas. A responsabilidade do «dono» da estratégia e equipas que a isso se dedicam (deveriam dedicar), é construir e manter um forte desempenho no futuro. Para cumprir esta responsabilidade, o MCTES deve ser sempre capaz de responder a 3 questões básicas …
● Porque é que o desempenho das IES segue o caminho actual?
● Onde é que se vai parar se continuarmos como estamos?
● Como é que podemos conceber uma estratégia sólida para melhorar, radicalmente, este desempenho?
A resposta à questão final – como obter melhor desempenho no futuro? – pode ser dada mediante algumas recomendações (políticas) … que fazer, quando, quanto, qual a ordem, como coordenar isto entre diferentes funções, com que resultados prováveis, e com que mecanismos de acompanhamento e de adaptação estratégica e política à medida que o futuro se desdobra.
O problema é que isto exigiria muito mais do que os dois sábios do IST que tudo (des)comandam na nossa educação superior.
Continuaremos…
JCR,
Fazia-nos muita falta este texto -a mim, pelo menos; se não são os blogs, perco os fios das minhas meadas dos acontecimentos.
Fez bem em lembrar-nos destas águas passadas. Andam a passar por cima das pontes apressadinhas.
Abraço, OBRIGADA!
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