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segunda-feira, junho 25, 2012

Os Pontos de Matemática, a Gávea e a Barca do Inferno (ou o martírio dos exames de Matemática elaborados na Gávea)

Introdução
Pelo ME continuam a pairar uns “Loucos à Solta”, há muito conhecidos por “ÊDUQUÊS” que continuam a traumatizar gerações e gerações de alunos, os quais saem do Secundário com verdadeiro Horror à Matemática, afinal uma disciplina simples, bela e extremamente útil na vida prática. Este facto leva a que os alunos que entram no Ensino Superior em Ciências, Engenharias e Economia e Gestão mantenham esse horror durante o seu curso e tentem “ultrapassar” por todos os meios esse “Obstáculo Horroroso” que são as disciplinas de Matemática e logo que se vêem livres delas, não mais querem ouvir falar de Matemática…Os professores do Ensino Superior sabem isso muito bem e o Ministro actual, como distinto Professor que é e como ex-Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática que foi, está bem por dentro deste assunto. Por isso, é muito estranho que ainda não tenha conseguido “varrer” do Ministério esse conjunto de verdadeiros “criminosos pedagógicos” que desde há tantos anos vêm produzindo tanto dano a gerações sucessivas de alunos. Já nos debruçámos várias vezes sobre este assunto, na sequência do acompanhamento que temos feito das matérias que são ministradas aos nossos netos. Por isso nos vamos cingir aos últimos pontos de exame que saíram, um para o 4º ano (ponto de avaliação de cada “Escola”, não de avaliação do Aluno, o que começa por ser uma mentira, visto que os pontos foram classificados e as classificações foram transmitidas aos alunos. Portanto, os alunos, especialmente os bons alunos, foram mesmo traumatizados pelo ponto, só porque o dito ponto é um verdadeiro crime pedagógico, cheio de “brincadeiras perigosas” que pouco ou nada avalia do real conhecimento dos alunos e pouco ou nada tem a ver com os princípios da Matemática Elementar que um aluno do 4º ano deve ter assimilados. Anexamos cópia exacta do ponto para que os leitores, por ventura professores ou pais interessados, possam medir o verdadeiro alcance do dano causado. Fazemos o mesmo em relação ao ponto de Matemática do 12º, em boa parte um conjunto de “charadas” de probabilidades, estatística e teoria dos conjuntos.

Breve análise da prova de Matemática para o 4º ano
(Ver prova de Matemática, 4º ano, em  http://www.gave.min-edu.pt/np3/447.html)
O ponto reflecte bem o pensamento dos “ÊDUQUÊS” que pontificam no ME : a Matemática é uma “brincadeira” não é uma disciplina séria, que deve ser estudada cuidadosamente, e que muito interessa na vida prática. Depois, para “facilitar a correcção de cada prova” grande parte das perguntas (em todos os exames) são do tipo “TótóBola” ou “Vermelhinha”, convidando o aluno, não a raciocinar, mas a jogar uma moeda ao ar para ver como responder…
As perguntas 1.1, 1.2 e 2. aceitam-se, embora, para saber se o aluno sabe fazer contas de somar e subtrair, incluve com uma (só !) decimal fosse de preferível indicar números sem alusão a objectos (na Matemática sempre tem de haver algum grau de abstracção). Nas perguntas 3., em 3.1 a inclusão da afirmação” Os números pintados são múltiplos do nº 1” só serve para a atrapalhar o aluno, uma vez que o que está em causa é o aluno saber a forma como se identificam nºs inteiros que são divisíveis por 3 (múltiplos de 3). Em 3.3 a inclusão da afirmação” pensou num nº menor que 100” é desnecessária visto que o quadro apresentado só tem nºs naturais até 100. A bonecada que consta da pergunta 5. e perfeitamente inútil e insere-se no pensamento dos “ÊDUQUÊS” acima referido.
A pergunta 6., aparentemente dirigida ao “raciocínio” do aluno, é ratoeira traumatizante e desnecessária para se saber se aluno sabe dividir números inteiros por números decimais. O mesmo se pode dizer da pergunta 7. Para se avaliar se aluno sabe distinguir ângulos agudos, ângulos rectos e ângulos obtusos, não é necessária a bonecada posta no ponto.  Por acaso o aluno até pode acertar, mas não saber que um ângulo recto tem 90º…  (Melhor era terem no programa o ensino da redução de “complexos” (graus, minutos e segundos) a “incomplexos” (segundos ou minutos), etc.). A pergunta 8, e suas “alíneas”, 8.1 e 8.2, é uma trapalhada, geradora de confusão e traumatismo  na cabeça do aluno. É uma pergunta típica do “ÊDUQUÊS” que mete “Estatística” em tudo quanto é sítio nos programas do 1º ao 12º anos… A pergunta 9, é outra trapalhada, geradora de confusão e traumatismo na cabeça do aluno. É uma pergunta típica do “ÊDUQUÊS” que inclui “Planificação” no 1º ciclo, matéria complexa, imprópria para quem não sabe, nem pode saber, algo de geometria plana e geometria tridimensional. A pergunta 10., também aparentemente dirigida ao “raciocínio” do aluno, é ratoeira traumatizante e desnecessária para se avaliar se aluno sabe calcular o perímetro e a área de um rectângulo ou mesmo, se, dada a área e o perímetro, o aluno sabe como obter as medidas dos lados… .… Na pergunta 11, a trapalhada continua: Incluir “Simetrias de translação; de rotação; de  reflexão, etc.” no 1º ciclo, para quem não sabe, nem pode saber, ainda geometria plana, é um absurdo, como absurda é a maneira como a pergunta é formulada. A pergunta 12 volta a ser típica do “ÊDUQUÊS” que tem a “mania” da “Estatística”, em tudo quanto é sítio nos programas do 1º ao 12º anos. A maneira como a pergunta é formulada também é típica da forma “brincalhona” que, segundo o “ÊDUQUÊS” se deve usar para ensinar Matemática desde o 1º ao 12º anos. Bem, a pergunta 13. é de bom senso, (talvez por ser a nº 13…). A pergunta 14., aparentemente dirigida ao “raciocínio” do aluno, é ratoeira traumatizante e desnecessária para se saber se aluno sabe fazer contas simples sucessivas: contas de multiplicar dígitos, seguidas de soma dos resultados. A pergunta 15. (15.1 15.2 15.3) é, talvez, a única bem formulada, excepto em continuar a bater na tecla de que a Matemática deve ser ensinada de forma “brincalhona” e, bem assim, a maneira de avaliar os conhecimentos dos alunos… A pergunta 15. É de todas a mais absurda: nem um “catedrático” consegue entendê-la…E volta a revelar a “mania”  do “ÊDUQUÊS” de meter “Probabilidades” e “Estatística”, em tudo quanto é sítio nos programas do 1º ao 12º anos. Qual a finalidade da pergunta 17. ? verificar se o aluno sabe contar até 8?. Verificar se o aluno sabe obter ¾ de 8? Nesta última hipótese, será preciso o aluno pintar uma figura?.. A pergunta 18 revela outra “qualidade” do “ÊDUQUÊS” de Matemática: “A Matemática é um conjunto de “charadas” e deve ser ensinada como tal. Compete ao aluno, nas provas, saber “matar a charada”… Não será um desprimor tratar assim uma disciplina tão nobre, como é a Matemática? A pergunta 19 revela mais ainda a grande “qualidade” do “ÊDUQUÊS”: Ensinar e fazer provas de avaliação saltando das questões mais complicadas para as mais simples!... A pergunta 19 será para verificar se o aluno do 4º ano saber ler? A pergunta 20 é, além do mais, estúpida, porque nos mercados e hipermercados os vendedores não põem preços estúpidos, em blocos de peças da mesma natureza e tamanho. (Nunca o preço da unidade é maior no bloco que tem mais unidades…). A pergunta 21, além de antipedagógica é anti-social porque convida o aluno a jogar na roleta (do Casino ou outra)…E mais uma vez põe em evidência a “loucura” do  “ÊDUQUÊS” pelas  “Probabilidades” e  “Estatística”. FIM (da tortura) =>“Laus Deo”

Breve análise da prova de Matemática para o 12º ano
O ponto revela de forma semelhante ao anterior o pensamento “ÊDUQUÊS”: a Matemática não é uma disciplina, indispensável para prosseguir estudos superiores e com grande interesse na vida prática de engenheiros, economistas, etc. Também, para facilitar a correcção de cada prova grande parte das perguntas são do tipo “TótóBola”. Depois, quem elaborou a prova não teve as preocupações mínimas que, na circunstância, deve ter um bom professor de qualquer nível de ensino: elaborar a prova de forma a cobrir equilibradamente todas as partes das matérias do programa; formular cada questão sobre uma fracção da matéria de forma a avaliar se o examinando estudou e assimilou essa fracção da matéria de forma mais ou menos profunda ou nada sabe dessa questão. Estes são os objectivos fundamentais para que a classificação final de cada aluno, reflicta os conhecimentos reais que o examinando tem das matérias do programa e não se cometerem injustiças, por vezes gritantes. O ponto em causa não satisfaz qualquer dos requisitos fundamentais referidos, havendo que acrescentar o uso reforçado de perguntas do tipo “Vermelhinha” . Começa com três perguntas sobre “Teoria dos Conjuntos” e suas aplicações a problemas de Probabilidades. No Grupo II, volta a bater-se na mesma tecla nas questões 2 e 3. Como de costume, as perguntas são formuladas de forma “brincalhona” e sem qualquer relação com problemas práticos.
No Grupo I há 3 questões sobre “Teoria das funções” e no Grupo II, há outras há 3 questões sobre a mesma “Teoria das funções”. Sobre “Números Complexos” há 2 questões no Grupo I e há 2 questões no Grupo II. Assim, fica de fora muita matéria de Matemática dada no 12º ano, além de que os “Números Complexos” sendo sido dados no fim do ano escolar, são sempre dados em todas as escolas a “grande velocidade”. Neste ponto de Matemática 2012, como noutros, mantém-se o estilo “charadístico” em boa parte das questões. Confundem-se a nobre MATEMÁTICA com charadas matemáticas, com grave prejuízo para os bons alunos que sabem Matemática mas, não têm jeito para charadas matemáticas, que nada interessam para a sua vida seguinte de alunos de Engenharia ou Ciências ou Economia e também nada interessam para a sua vida futura de engenheiros ou cientistas ou economistas. A título de exº cita-se a questão 1. do grupo II da prova, na qual a “alínea” 1.2 nada tem a ver com o corpo da questão . O corpo da dita questão 1. tem só a ver com 1.1 e nada a ver com 1.2 que, para mais é pergunta do tipo “charadístico”, onde um aluno, mesmo sabendo bem a radiciação de complexos, pode não “matar” a charada. Outro exº. é a questão 6. do grupo II. Esta questão é uma “salsichada” onde se mistura geometria elementar com manipulação de funções trigonométricas, com derivadas de expressões polinomiais de funções trigonométricas, e por fim uma enorme rasteira manda o aluno calcular a derivada de P(teta) sendo tg(teta)= - raíz quadrada de 8. Sendo teta uma constante do intervalo Pi/2 a Pi, segue-se que P(teta) é uma constante e a sua derivada é nula…. (mais uma vez uma a charada a “matar”).

Uma forma de sair do Martírio
O senhor Ministro da Educação e Ciência deveria nomear secretamente duas comissões nacionais independentes e de cidades bem distintas que incluiriam professores de Matemática do Secundário e professores do Ensino superior para os pontos de Matemática do 12º ano. Cada comissão elaboraria um ponto. Haveria 2 pontos A e B que seriam entregues no gabinete do Ministro. O Chefe de gabinete tiraria um ponto à sorte e mandaria imprimir o necessário nº de exemplares que seriam transportados e distribuídos pelas Escolas do País, mantendo-se a costumada forma de manter a segurança. Já depois do 25 de Abril este procedimento foi adoptado. Os professores do Secundário teriam oportunidade de dialogar com os professores do Ensino superior num assunto que interessa a todos. Note-se que procedimentos deste tipo se deveriam adoptar para fixar os programas das disciplinas de Matemática e Físicas (pelo menos) do 10º ao 12º anos (pelo menos), programas esses que contêm inconsistências, lacunas, e sobreposições incríveis. Os programas devem conter os Fundamentos de cada Ciência na forma Clássica que é a que interessa aos futuros alunos de Engenharia, Ciências e Economia, com abundantes exemplos de aplicação e exercícios. Não devem ser programas “brincalhões” e fantasiosos tratando do buraco do ozono, do Big Bang e da propagação do campo electromagnético no espaço sideral, quando não foram antes ensinados os Princípios Fundamentais da Electricidade, Magnetismo e Electromagnetismo

23-06-12
JBM

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