«O reitor da Universidade de Coimbra (UC), João Gabriel Silva, afirmou hoje que a instituição se encontra "no limite do funcionamento" e que o corte de 7,8% previsto na proposta de Orçamento de Estado "não é comportável".
"Todos temos consciência de que estamos no limite do funcionamento (...), 7,8% de corte não é comportável", afirmou o reitor ao intervir na sessão de abertura do Dia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).
Segundo João Gabriel Silva, "há universidades que, neste sucessivo acumular de cortes, estão com abaixamentos na casa dos 11/12%", encontrando-se "claramente abaixo da linha de água".
"Não tenho nenhum plano desenhado para permitir aguentar este corte [na UC]. Seria muito mau se ele se concretizasse, tenho ainda alguma esperança que o bom senso prevaleça", afirmou aos jornalistas no final da sessão.
Segundo o reitor, "as universidades em dois anos, de 2010 para 2012, tiveram 30% de corte. Se todos os setores do Estado tivessem 30% de corte em dois anos o défice estava mais que resolvido".
Ao intervir na sessão, o diretor da FMUC, Joaquim Murta, considerou que "a criação, há cerca de um ano, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra [CHUC, que resulta da fusão de vários hospitais] determinou e reforçou a necessidade de Coimbra se afirmar definitivamente como cidade de referência" na área da saúde.
"É a oportunidade única para, finalmente, nos organizarmos corretamente, trabalharmos em conjunto, aproveitando as mais valias de todos, ou pode ser, definitivamente, a nossa condenação à marginalidade", disse.
Segundo Joaquim Murta, "apesar da enorme abertura e vontade da Faculdade de Medicina colaborar conjuntamente", através da apresentação de várias propostas, "todas elas tiveram até ao momento, pouco ou nenhum eco real e efetivo junto do conselho de administração dos CHUC, nomeadamente na elaboração do regulamento interno".
"Realizar uma fusão meramente estética, pouco clara e definida, comprometida com interesses pessoais ou corporativos, sem uma estratégia muito clara, previamente apresentada, não envolvendo as estruturas correspondentes (...) terá consequências catastróficas num futuro próximo, tanto para os profissionais de saúde envolvidos como, fundamentalmente, para os doentes", considerou ainda o diretor da FMUC.
Também orador na sessão, o diretor clínico do CHUC, José Pedro Figueiredo, afirmou que as duas instituições -- CHUC e FMUC -- "desde sempre, com particular ênfase nos últimos meses, reconhecem a importância do aprofundamento do seu relacionamento em benefício de ambas e dos seus objetivos comuns".
"A constituição do CHUC e as suas definições estratégicas de curto, médio e longo prazo e, sobretudo, a nova, aberta visão da Faculdade de Medicina, no que concerne ao ensino e à investigação, constituem uma oportunidade ímpar, que não perderemos no atual contexto de dificuldades do país e de incerteza em relação ao futuro", afirmou.
Na sessão, intervieram também os bastonários das ordens dos Médicos e dos Médicos Dentistas, José Manuel Silva e Orlando Silva, respetivamente.»
(reprodução de notícia jornal i online, produzida por Agência Lusa, publicado em 26 Out 2012)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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