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quinta-feira, junho 05, 2008

Variando de assunto: o liberalismo que vamos tendo

1. O convite
«De: Stran ger [mailto:stran_ger69@hotmail.com]
Enviada: seg 19/5/2008 15:28
Assunto: Liberalismo
Caro Dr. Cadima,
Sou escritor no blogue Tuga e estou neste mês a escrever e publicar artigos sobre o liberalismo. Neste sentido estou a visitar vários blogues no sentido de obter a visão dos seus autores sobre "o que é o Liberalismo para si?".
Gostaria, caso tivesse oportunidade, que me enviasse, num breve texto, uma resposta a esta questão que eu publicaria, em conjunto com respostas de outros blogues à mesma questão.
Muito obrigado pela atenção,
Stran»

2. A resposta (de 20 de Maio de 2008)
«O liberalismo que vamos tendo
A propósito de Luís Filipe Menezes e dos candidatos à liderança do PSD, um anónimo deixou num blogue de Braga (Avenida Central) um comentário que concluía com a afirmação seguinte: “Acho que este pessoal perdeu o pé e a cabeça, nesta conjuntura política complicada para o PSD, em que o PS ocupou o espaço da direita neoliberal.” Num outro blogue (Ladrões de Bicicletas), na mesma data, podia ler-se que, em Portugal, “Temos alguns bons estudos sobre pobreza e desigualdade. Mas precisamos de muitos mais. Estudos que analisem o papel da «neoliberalização» progressiva do país na consolidação e reforço de uma imensa fractura social. Estudos que mostrem como as desigualdades têm impacto em todas as dimensões que importam. Até na morte ou na dor. […] Não consigo imaginar tópico mais importante para a economia política como teoria social”.
Que têm em comum estas duas citações? Porquê esta adjectivação de “neoliberal” das realidades a que se reportam: partidos políticos, no primeiro caso; gestão da economia e da dinâmica social, no segundo? Qual a actualidade do debate que se sugere implícito nestas leituras de situação?
Neoliberal é a designação conferida aos revisionistas liberais do presente, quer dizer, são liberais no contexto económico e social do início século XXI (e, antes, do final do século XX). O tempo e o espaço são elementos informadores essenciais do pensamento e da postura das pessoas. A relação entre a economia e a política é óbvia: é o primado do mercado na afectação dos recursos ou são mecanismos administrativos a definir “o que produzir”, “como produzir”, “para quem produzir”.
Em quase todos os casos, as economias da actualidade são soluções mistas, quer dizer deparamo-nos com economias ditas mistas e é aqui que surge a oportunidade para que seja questionado o nível de atendimento das necessidades básicas do comum dos cidadãos e, logo, o grau de justiça social prosseguido pelos agentes políticos. Esta é uma questão eminentemente política. É o mais quando a política é assimilada a gestão de interesses, interesses de grupos restritos: grupos económicos; grupos políticos. Aqui chegados, sai esclarecida a ausência de espaço para a afirmação de uma alternativa política por parte do PSD a que o autor da primeira citação se refere. Do mesmo modo, daí se percebe a progressão da “fractura social” invocado na segunda. Hoje em dia, em Portugal, quem é que quer saber disso? O bloco “central” no poder, não seguramente.

J. Cadima Ribeiro»

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