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sábado, maio 07, 2011

"CONVERSAS DO CASINO: ´Universidades são lugares de negócio para produzir mais diplomas e diplomados`”

«Numa conversa amena entre Fátima Campos Ferreira e o reitor da Universidade de Lisboa, nas Conversas do Casino, António Nóvoa pôs o dedo na ferida e criticou a proliferação de universidades por todo o país. «Foi um disparate e agora o Governo não tem coragem de resolver a situação», afirmou, considerando que «a concorrência entre universidades retira capacidade de produzir mais conhecimento», referindo, ainda que, nesta altura, o que conta «são o número de diplomas e diplomados que saem».
Dois aspectos que, no seu entender, considera fundamentais são «desburocratizar a universidades e a desorganização do estado».
A conversa iniciou-se, praticamente, pela evocação do grande pensador que foi Magalhães Godinho. A partir daqui e com base neste tema, a conversa estendeu-se também a uma análise à actual situação que se vive no país, reconhecendo que «os partidos políticos são máquinas de ganhar eleições, e lidam muito mal com o pensamento alternativo», ao mesmo tempo que não escondeu as suas preocupações por ver que «as universidades se estão a transformar em lugares de negócios, pressionados para produzir mais diplomas e mais diplomados».
Foi quase uma “aula” sobre as Universidades e o estado, falando da «vida difícil dos docentes», da falta de reorganização na rede do ensino superior, motivo pelo qual não é de estranhar que nenhuma universidade portuguesa faça parte no Top 100. Para justificar esta afirmação explicou que em Portugal as universidades têm um financiamento que é 25 vezes inferior ao de uma universidade americana e cinco vezes inferior ao de uma universidade finlandesa.
Mesmo perante tudo isto, António Nóvoa contrariou o pensamento de muitos e afirmou que «o país tem uma coisa que nunca teve: uma geração jovem altamente qualificada» e que «esta geração “à rasca” talvez seja o começo de movimentos ideológicos que podem dizer muito ao país» e que «o 25 de Abril trouxe coisas ao país que nunca são demais: liberdade e democracia”.
Tal como frisou Fátima Campos Ferreira no início da conversa, «o orador desta tertúlia é um português ilustre», reitor da Universidade de Lisboa, Professor Catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. António Nóvoa tem na História da Educação e Educação Comparada as suas áreas de especialização.
Publicou mais de uma centena de trabalhos científicos na área da Educação, em particular sobre temáticas da profissão docente, da história da educação e da educação comparada, em diversos países, nomeadamente Alemanha, Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, Espanha, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Portugal, Reino Unido e Suíça.»

(reprodução integral de artigo publicado no Diário de Coimbra online, em 7 de Maio de 2011)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

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