«Estudantes do ensino superior estão a tentar transmitir aos grupos parlamentares as suas preocupações com os cortes nos apoios sociais que afastam os alunos das universidades, numa altura de crise em que “seria esperado” reforço das ajudas.
Para marcar o encerramento da campanha de três dias que chamaram de “Natal negro”, representantes das associações académicas e de estudantes do ensino superior de todo o país deslocaram-se hoje à Assembleia da República para entregar um manifesto aos partidos, um objectivo que esperam repetir com o Governo.
Ao final da manhã, o grupo de estudantes já tinha resposta positiva do PSD que aceitou recebe-los, como disse à agência Lusa, Luís Rodrigues, da Associação Académica da Universidade do Minho.
Com esta campanha, o movimento associativo “demonstra o seu luto” pelas condições de “degradação no ensino superior, numa altura e conjuntura particularmente difícil para as famílias e estudantes em que seria espectável a um reforço dos mecanismos de acção social e de inclusão”, explicou.
Mas, “ao contrário, temos assistido a um conjunto de cortes e limitações ao acesso ao ensino superior, consubstanciados no regulamento de atribuição de bolsas de estudo, que é manifestamente penalizador” para os estudantes.
A preocupação das associações de estudantes também inclui alguns procedimentos, nomeadamente para “prazos e períodos de candidaturas díspares” para as bolsas.
Segundo Luís Rodrigues, em alguns casos, os alunos tiveram acesso a mais que um período de candidatura, enquanto os estudantes de primeiro ano, de primeira matrícula, apenas tiveram acesso a um período, e são estes que têm “menos conhecimento e proximidade com as instituições de acção social”.
Os estudantes esperam ser recebidos pelo Governo PSD/CDS que, “ao longo do último ano, aquando da publicação do anterior regulamento da atribuição de bolsas de estudo apoiou o movimento associativo e que, estranhamente, tem se pautado por uma ausência de diálogo e insensibilidade quase histórica no que toca a todos contributos” dos alunos, criticou.
Luís Rodrigues referiu dados que apontam para uma quebra no número de candidatos a bolsas de estudo, de mais de 80 mil estudantes para pouco acima dos 60 mil, “o que é difícil de explicar quando as condições de vida se degradam a cada dia”.
E dessas 60 mil candidaturas, “apenas 20 mil bolsas foram atribuídas”, realçou ainda o representante dos estudantes, acrescentando que as estimativas apontam para que mais de seis mil estudantes já tenham abandonado o ensino superior, “essencialmente bolseiros”.
“Estima-se que o número de estudantes que abandonaram o ensino superior seja 20 por cento superior ao total do ano anterior”, frisou.
O estudante da Universidade do Minho, alertou ainda para o atraso no pagamento das bolsas de Dezembro, uma “incerteza que coloca as família em situações muitas vezes dramáticas, arrastando os estudantes para fora do ensino superior e é essa preocupação que queremos aqui trazer”.
(reprodução integral de notícia Público online de 2011/12/22)
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[Cortesia de Nuno Soares da Silva]