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segunda-feira, fevereiro 12, 2007

UMinho: exposição pública pelas piores razões - III

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Com a informação que adianto acima, vou, também, ao encontro de José Reis quando, há algumas semanas, escreveu "que as universidades vivem uma crise institucional fortíssima” por, no seu dizer, o seu modelo de governo estar “aprisionado por lógicas conservadoras” e por “as burocracias dirigentes” não assegurarem futuro, ou de José Adelino Maltez, quando, há algum tempo mais (em 06/10/12), falava das “oligarquias de interesses estabelecidas pelo não mérito” subjacentes à eleição dos reitores. Não secundando José Reis em muito do que defende e defendeu – nomeadamente aquando da sua passagem pela Secretaria de Estado do Ensino Superior - em relação ao governo das universidades e ao tipo de relação destas com a tutela política, é a minha vivência quotidiana que me obriga a concordar com ele, e sobretudo com José Adelino Maltez, neste diagnóstico. Digo-o com pesar e revolta já que a Universidade com que me identifico é uma em que não há espaço para os “climas de pânico” vividos entre os docentes da UMinho, a que se reportava a FENPROF em comunicado publicitado pelo Diário de Notícias, em 13/01/2007, ou em que alguém se sinta “completamente destroçado” (“Estão a destruir tudo …”), como alguém me confessava, via correio electrónico, ainda mais recentemente. Fico a desejar, no entanto, que o quadro negro que aqui sai traçado não seja extensivo ao universo das instituições de ensino superior público existentes em Portugal. Nunca me alegrou o infortúnio dos outros!
Dizendo o que fica dito, quero eu deixar claro que o momento que se vive na UMinho é triste, muito triste (noutra sede, chamei-lhe “uma apagada e vil tristeza”), e é-o tanto mais quanto é incontornável que todos – docentes, pessoal administrativo e alunos, menos estes que os demais – somos responsáveis pela situação que a Instituição atravessa. Na verdade, o que se passa a nível da estrutura de cúpula só é interpretável à luz da cultura que instalou na universidade, dominada por individualismos tacanhos, capelinhas, acomodação generalizada e um profundo alheamento de valores outrora tão caros e sensíveis na sociedade portuguesa e na Universidade, particularmente, como a transparência, a democracia e as liberdade de opinião e de expressão do pensamento. Não fora isso e não haveria lugar para “burocracias dirigentes”, como lhes chama José Reis, para “oligarquias de interesses, como as designa Adelino Maltez, ou para nomenclaturas, como eu prefiro chamar-lhes, atentando na realidade cujo retrato esboço.
Infelizmente, como assinalava Elísio Estanque, em artigo datado de 06/11/22, “há mentalidades anacrónicas e comportamentos anti-democráticos por todo o lado”, se bem que aqueles que nos atingem mais directamente nos custem mais. Perdoar-me-ão, por isso, que aqui reclame dos “défices de democracia e cidadania” e do “recrudescer de práticas de cariz autoritário, controleirista ou caciquista” a que assisto na instituição onde trabalho.»
J. Cadima Ribeiro
(extracto de artigo sobre a situação recente vivida na Universidade do Minho)

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