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sexta-feira, fevereiro 16, 2007

É dificil explicar à academia

«UM: Padrões de elevada qualidade não contam nos financiamentos


As universidades portuguesas avaliadas por entidades nacionais e estrangeiras como tendo padrões de elevada qualidade andam a financiar as outras com menor qualidade.
Esta revelação foi feita pelo reitor da Universidade do Minho, no dia em que apresentou o relatório de actividades do ano transacto. Para Guimarães Rodrigues esta é a principal justificação para que as transferências de verbas para a academia minhota se tenham ficado pelos 2,5% em vez dos 9% reais. "O princípio de coesão determina que as universidades com parâmetros de elevada qualidade não possam ter financiamentos superiores a 3% e as outras não possam ter financiamentos inferiores a 3%, penalizando assim as universidades com melhores desempenhos".
O reitor reconhece que é difícil "explicar à academia que apesar de terem sucesso reconhecido têm menos dinheiro ao seu dispor", sendo da opinião de que "a coesão não deveria ser um ónus suportado pelas universidades e sendo uma questão política deveria ser tomada a montante".
A Universidade do Minho recebeu do Orçamento do Estado em 2006 cerca de 60 milhões de euros, menos um milhão do que no ano anterior, e gerou em termos de receitas próprias 110 milhões de euros, vindos, sobretudo, das propinas e de projectos desenvolvidos pelos investigadores da academia minhota. "Tivemos menos financiamento do que no ano anterior, mas mesmo assim conseguimos manter o plano estratégico que foi sufragado precisamente no ano passado".
Para Guimarães Rodrigues, "houve um salto quantitativo e qualitativo apesar dos constrangimentos financeiros", dando como exemplo a construção da Escola de Direito e outras obras em curso e a mudança do Instituto de Ciências Sociais para instalações definitivas "Criámos melhores condições em situações que seriam, à partida, inimagináveis e de difícil resolução". Universidade que perdeu 2,6% dos alunos inscritos (cerca de 300), abandono que "o aumento do valor das propinas pode justificar". Ainda assim, ocupou 92% das vagas oferecidas, o que a coloca em terceiro lugar a nível nacional. "Em Engenharia, ocupamos mesmo o 2.º lugar". O processo de Bolonha foi o principal desafio do ano transacto: "Com todas as indefinições, conseguimos adaptar 60% dos nossos cursos.»
Pedro Antunes Pereira

(notícia publicada no Jornal de Notícias, em 2007-02-16)


Comentário: sendo eu, escreveria a notícia do JN nos termos seguintes - "pese o que dizem as más linguas, somos (reitoria e conexos) mesmo muito bons, embora seja dificil explicar à academia quão bons nós somos"; "em todo o caso, o ´plano estratégico` que informa a nossa acção foi sufragado por mais de 60 membros da UMinho, o que nos confere legitimidade mesmo para tomar medidas que nem bom-senso deixam transparecer, quanto mais competência".
Obviamente, cada um tem o seu estílo de escrita e de comunicação, por isso se aceita o que foi preservado na notícia.
A mensagem da reitor da UMinho merece-me, todavia, um reparo, e só um: esqueceu-se de mencionar que, na mesma ocasião em que o Instituto de Ciências Sociais ganhou um edifício novo, outro tanto sucedeu com a Escola de Engenharia. Percebendo-se que não queira sublinhar as melhorias em matéria de instalações de que beneficiou a sua própria Escola, imperativos de justiça ditam-me que não deixe passar esta omissão. A obra em primeiro lugar, sobretudo em dia de balanço!

1 comentário:

Anónimo disse...

O senhor reitor Guimarães Rodrigues parece criticar as "políticas de nivelamento por baixo" do Ministério, ao tratar de igual forma as instituições que apresentam padrões de qualidade elevada e as outras, e não reflectindo em termos orçamentais essas diferenças.
Tem toda a razão. Mas pergunta-se: não é exactamente o que a Universidade do Minho faz internamente? Os orçamentos das escolas e departamentos valorizam a qualidade? Os cursos a quem o mercado reconhece mérito são valorizados pela instituição? Os académicos cujo mérito é reconhecido pelas suas publicações internacionais são mais bem acolhidos pela instituição do que aqueles cujo mérito se resume a "apoias as pessoas certas no mento certo"? Então, qual a autoridade moral para criticar o Ministério...?