«Plano do bastonário passa pela passagem de profissionais por países como Angola ou Peru, onde há projetos e crescimento
Todos os anos saem mais de 15 mil licenciados em Engenharia das universidades portuguesas. Poucos, tendo em conta que esta área contraria os números do desemprego: aqui as vagas não secam; pelo contrário, acumulam-se os pedidos para Portugal e para fora. Só nos últimos 30 dias, a plataforma net-empregos - a maior de recrutamento no país - recebeu 422 ofertas para engenheiros, em particular mecânicos (186 ofertas) e eletrotécnicos (103).
"Temos consciência da procura que há, especialmente pelos contactos de empresas que nos pedem ajuda para publicitar vagas", confirma Carlos Matias Ramos, bastonário da Ordem dos Engenheiros.
Com pedidos a chegar já de várias partes do mundo, "o nosso objetivo agora é apostar na formação", explica. Até porque Portugal tem provas dadas da sua engenharia de qualidade e tem muito para ensinar a países como Angola ou Moçambique.
"Não queremos pôr estes jovens a emigrar, queremos promover a sua internacionalização", explica o bastonário. Ou seja, os nossos engenheiros vão para fora, integram projetos e passam competências. E depois voltam. "O ideal é ter contratos que permitam estar lá, mas pensar em voltar para cá."
Com um crescimento esperado do PIB de 9,1%, em 2012, e 8,8% no ano que vem (números do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola), o país tem previstos projetos de milhões de euros nas áreas básicas - saneamento, energia e construção de infraestruturas. O "plano de desenvolvimento sustentado do governo angolano implica um investimento de 6,5 milhões até 2013", completa Matias Ramos.
Com a economia portuguesa em retração, a Ordem dos Engenheiros começou a trabalhar numa lógica de ser "um facilitador" do emprego e, por isso, tem vindo a desenvolver esforços para criar condições de emprego em países onde há mais necessidades - Alemanha, Bélgica, Moçambique e Angola são os países que mais pedem engenheiros nacionais. E ainda que a procura na Europa seja elevada, tem sido dada especial atenção aos mercados em desenvolvimento - que têm as maiores carências mas também os que mais crescem neste momento.
No final de junho, a Ordem dos Engenheiros assinou um protocolo com o Peru, que prevê que os profissionais portugueses possam trabalhar naquele país desde que se inscrevam no Colegio de Ingenieros (equivalente à Ordem).
Em Angola, estão a ser analisadas as oportunidades para os engenheiros nacionais contribuírem para os projetos que o governo tem em curso. "O objetivo é identificar locais onde os números são positivos e ver se ali há oportunidades." A preocupação não passa tanto pelas vagas mas pela capacidade que os países têm para receber as empresas portuguesas.
Apesar de tudo, Carlos Matias Ramos recorda que "não está mais fácil" encontrar emprego no estrangeiro e sublinha que "a emigração é dolorosa" - ainda que os portugueses tenham uma grande capacidade de adaptação.
Ainda assim, o bastonário não tem dúvidas do caminho a seguir: "Temos de saber que o paradigma se alterou e que temos de formar engenheiros empreendedores."»
(reprodução de notícia Dinheiro Vivo, de 09/07/2012)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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