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terça-feira, novembro 27, 2012

"Universidades, para que as queremos?"

«Os enormes cortes no financiamento público do ensino superior e a contestação dos habitualmente circunspectos reitores trouxeram de novo, e pelas piores razões, as universidades para a ribalta.
Não é possível discutir o financiamento sem acordarmos no propósito do ensino superior (ES). Para que quer Portugal as suas universidades e politécnicos?
A utilidade do ES é, um pouco, como a das crianças: perpetuar um futuro sempre diferente do passado. Precisamos do ES para assegurar que temos uma população educada para ser capaz de aceitar o progresso, e uma elite capaz de dele ser parte activa. A distinção entre estes dois planos – o da formação genérica da população e o do cultivo das elites, que não devem ser mutuamente exclusivos, mas antes articular-se como num sistema de passarelas – é absolutamente essencial. Em particular significa que nem todas as instituições devem almejar servir o mesmo público ou ter a mesma missão.
O facto de o ES ser importante não significa que todo seja igualmente importante. O modo como o dinheiro dos contribuintes é usado deve reflectir essa diferença. O modo como o financiamento é repartido pelas diferentes unidades que compõem o ES é tão importante como o nível global desse financiamento. Só canalizando uma maior fracção dos recursos para as melhores instituições será possível, numa altura de aperto global, salvaguardar o essencial: a qualidade da formação e a possibilidade de futuro de que falámos.
O actual debate esquece isto frequentemente, metendo no mesmo saco instituições e propósitos diferentes. Recusando-se a escolher entre ‘filhos e enteados’, a todos trata como enteados.»

(artigo SOL online, de  20 de Novembro, 2012 - José Ferreira Machado)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

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