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sábado, novembro 10, 2012

"Reitores alertam para risco de colapso das universidades e admitem greve"

«Em 16 universidades portuguesas foi lida esta sexta-feira a declaração “Portugal e as Universidades” sobre os efeitos da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2013. Após a leitura do documento, alguns reitores deixaram um alerta: a serem concretizados os cortes propostos pelo Governo as universidades podem deixar de ter verba para pagar salários em meados do próximo ano. Os reitores admitem a realização de uma greve caso o Orçamento seja aprovado sem alterações.

A leitura de uma declaração conjunta, elaborada pelos reitores das 16 universidades, foi coordenada pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.
Na Universidade de Lisboa, o reitor António Nóvoa optou por não ler a declaração conjunta e proferiu em seu lugar um discurso, onde vincou também as ideias essenciais presentes no comunicado dos reitores. No Salão Nobre da Reitoria, Nóvoa sustentou que as universidades são “bases fundamentais de uma sociedade que recusa o destino de um país desqualificado e periférico” “uma das poucas soluções de que o país dispõe para sair da crise em que se encontra”.
O reitor da Universidade de Lisboa não quis falar de números: “Não vou falar-vos, outra vez, do desastre que seria mais um corte de 10% no próximo ano”. “Já ninguém suporta os números, nem as queixas, nem as lamentações”, reforçou.
“Assim, não. Amanhã já será tarde”, foram depois as palavras escolhidas pelo reitor para rejeitar a “situação de bloqueio e de paralisia” a que as universidades poderão ficar sujeitas com o Orçamento e para avisar que “poderemos estar perante o colapso das universidades durante o ano de 2013”.
Na Universidade do Minho, o seu reitor, António Cunha, admitiu, por sua vez, que aquela academia poderá ser forçada a “uma redução adicional de pessoal” se o Governo mantiver o anunciado corte de 4,5 milhões de euros no financiamento para 2013. Para além da redução de pessoal, podem surgir outras medidas como a redução do horário de funcionamento da biblioteca e das cantinas e cortes no aquecimento.
Apesar de “a situação ser dramática”, António Cunha reiterou a sua esperança de que o Governo volte atrás nos cortes, nomeadamente depois das declarações do ministro da Educação e daquilo que os reitores ouviram dos grupos parlamentares, nomeadamente dos partidos do Governo PSD e CDS.
Cabral Vieira, vice-reitor da Universidade dos Açores, falou aos jornalistas em Ponta Delgada, depois da leitura da declaração conjunta dos reitores. O vice-reitor está preocupado porque “com a actual lei do orçamento, a Universidade dos Açores não tem dinheiro para pagar os salários dos professores”.
Já António Fernando da Silva, director da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, disse que “não faz a mínima ideia” do que vai fazer naquele estabelecimento de ensino caso os cortes de 9,4% sejam efectivos. “Vamos ter de fazer das tripas coração”, comentou.
Por sua vez, na Universidade de Évora, o reitor Carlos Braumann alertou para o “ano catastrófico” que as universidades públicas portuguesas poderão viver no próximo ano. Braumann considerou que as consequências para o futuro dos jovens e do país serão“incalculáveis”, sendo preciso décadas para recuperar.
Caso sejam aprovados os cortes previstos no Orçamento do Estado para 2013, existe a possibilidade de os responsáveis das instituições de ensino superior avançarem para uma greve, admitiu António Rendas, reitor da Universidade Nova de Lisboa e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.
Questionado pela agência Lusa sobre essa possibilidade, António Rendas respondeu: “Acho que temos de fazer as coisas passo a passo, vamos verificar o que vamos discutir, mas estamos disponíveis com certeza para analisar as propostas. Começaremos por informar a comunidade académica e depois informaremos a comunicação social”

(reprodução de notícia PÚBLICO online, de  09.11.2012 - Catarina Fernandes Martins)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

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