«Proposta de Orçamento do Governo prevê "menos nove a 12% de dotação para as universidades", revelou o reitor da UÉvora.
O reitor da Universidade de Évora, Carlos Braumann, avisou hoje que os cortes financeiros para as instituições do Ensino Superior previstos no Orçamento do Estado para 2013, a manterem-se, vão ter "consequências catastróficas".
"O ensino superior foi, mais uma vez, duramente castigado a níveis que ultrapassam sobremaneira outros setores do Estado. Estarei, naturalmente, com os restantes membros do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) na defesa da preservação destas instituições", garantiu.
Carlos Braumann discursava na sessão solene do Dia da Universidade de Évora, tendo aproveitado a cerimónia para abordar a redução da dotação financeira das universidades, prevista no Orçamento.
"Admitindo que os órgãos de poder político não desejam as inevitáveis consequências catastróficas destes cortes, haverá ocasião de, em sede de especialidade [do debate do OE2013], serem repostos os valores cortados. Vamos esperar que o bom senso prevaleça", defendeu.
Já antes o reitor tinha afirmado que a crise estava e está a afetar, "e muito", o funcionamento da Universidade de Évora (UÉvora).
"Depois de cortes sucessivos que, em certas áreas, foram além das 'gorduras', já não há margem de manobra para acomodar cortes adicionais", alertou.
Menos 9% a 12% para as universidades
Carlos Braumann revelou à agência Lusa que a proposta do Governo prevê "menos nove a 12% de dotação para as universidades", chegando, no caso da UÉvora, "aos 11%", o que corresponderá "a menos quase três milhões de euros".
E, acrescentou, "as novas regras da administração pública, que estão a minorar a autonomia universitária, vêm agravar a situação, pois, tornam mais onerosa a aquisição de bens e serviços e comprometem a capacidade das instituições angariarem receitas próprias".
"Conseguimos que a nossa taxa de financiamento por recursos próprios seja já da ordem dos 40%. Só que, com a erosão do tecido económico do país devido à crise, há a tendência para a redução de receitas próprias", explicou.
Por isso, o reitor enfatizou à Lusa que "a situação é duplamente grave", devido "à diminuição das dotações do OE e a essa menor capacidade de obter receitas próprias".
Caso avancem os cortes previstos, insistiu, "não será possível às universidades cumprirem os orçamentos".
"Com o pessoal permanente, os cursos já abertos e o número de estudantes que os frequentam, os orçamentos, sem alterações, serão incumpríveis. Mesmo cortando em custos como o aquecimento, como algumas universidades já falaram, isso não chegará para resolver o problema", argumentou.
A UÉvora, que ministra cerca de 30 cursos de licenciatura e outros tantos de doutoramento e perto de 70 mestrados, é frequentada por aproximadamente 9.500 alunos.
A academia alentejana possui à volta de 570 docentes, depois da dispensa, ainda em 2011, de algumas dezenas de professores convidados, já para fazer face aos cortes sofridos no orçamento deste ano.»
(reprodução de notícia EXPRESSO online, de Sexta feira, 2 de Novembro de 2012)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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