Fórum de Discussão: o retorno a uma utopia realizável - a Universidade do Minho como projecto aberto, participado, ao serviço do engrandecimento dos seus agentes e do desenvolvimento da sua região

sábado, fevereiro 16, 2008

Ecos da tertúlia sobre a reforma estatutária realizada a 14 de Fev. pp.

De um evento com a natureza do realizado na UMinho a 14 de Fevereiro pp., muitas coisas se poderiam dizer, a primeira das quais é que valeu a pena, isto é, os que lá estiveram não deram o tempo por mal empregue. Para tanto contribuíram os animadores convidados mas, igualmente, os restantes convivas, que se mostraram particularmente comunicativos, indo alguns ao ponto de dizer o que lhes ia na alma, o que vem sendo cada vez menos comum. É verdade que era o dia dos namorados, o que provavelmente ajudou.
Sendo o mote do evento as fundações públicas de direito privado, houve espaço para que alguns acusassem outros de neo-liberais e alguns se assumissem, mesmo, como neo-liberais, neo-neo-liberais e, até, pasme-se, como liberais. Todos disseram, no entanto, que estavam empenhados na construção de uma Universidade mais prestigiada e mais eficaz do ponte de vista da missão que lhe é suposto estar cometida (não digo nada sobre a respectiva sinceridade, posta a heterogeneidade da assembleia).
Surpreendentemente, falou-se menos do Zé Mariano do que se poderia supor, se bem que não tenha passado a menção aos favores que aquele se propunha prestar à sua escola do coração e os fretes que estará disponível para fazer a Aveiro, ao Porto e ao ISCTE, para não perder a face ou que lhe resta dela.
Estando em causa a produção de novos estatutos para a UMinho, surpreenderam-se alguns dos participantes na tertúlia que a assembleia estatutária da dita esteja a discutir o modelo de governação, missões e quejandos sem ter, antes, discutido a estratégia ou, sequer, esboçado um diagnóstico estratégico. Esqueceram-se que, importando acomodar gente e preservar inércias, o que se pretende que seja a Universidade pouco interessa, até porque dificilmente terá futuro. Neste contexto, o debate sobre se a Universidade deve servir a sociedade ou os seus agentes está à partida resolvido.
Se há espaço para tanta Universidade em Portugal e se faz sentido a concertação de recursos e de instituições como forma de gerar potencial de produção científica e tecnológica em Portugal, à luz da afirmação da Universidade portuguesa no contexto europeu e internacional, foram duas outras questões debatidas. Em relação à primeira, arrisco a dizer que houve consenso, isto é, estivemos de acordo que não há (e que só por desvario ou interesses não declarados um antigo ministro do ensino superior, ex-prof. da UMinho, nos terá imaginado como o país das mil universidades). O segundo tema é mais complexo e ficou pendente de maior discussão. Em qualquer dos casos, diria que, ficando o Minho mais acima, a concertação que alguns tentam acomodar a norte falha em massa crítica e mediocridade das lideranças reclamadas. Acresce que a arte e o engenho (para não falar de conhecimento e capacidade empreendedora) não têm fronteiras.
Falou-se, também … Falou-se de tanta coisa que se concluiu, com razoabilidade, que o melhor era voltar a falar nelas com mais tempo, e em muitas outras que ficaram por listar. Daí que esteja já aprazada para a tarde de 10 de Março pf. a 2ª edição da tertúlia que agora foi lançada.
Para mais, estando por essa altura reunida em Braga a fina-flor dos autores de jornais de parede sobre a temática do ensino superior nacional, seria um crime de lesa Universidade não aproveitar o seu enorme saber e “desbocamento” para voltar a dar alguma chama ao debate estatutário na UMinho (praticamente inexistente fora do fórum a que aqui aludo).
Que os que não desistiram, ainda, de querer uma UMinho renovada e revigorada anotem já na respectiva agenda a data.
A bem da nação,

J. Cadima Ribeiro

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