“Tempos não são fáceis”
"Avelãs Nunes, vice-reitor da Universidade de Coimbra, interrogou-se ontem se um estatuto fundacional será o mais adequado para gerir as Universidades públicas num país como o nosso.
A propósito do projecto lei do Ministério da Ciência sobre o regime jurídico das instituições de Ensino Superior, que deverá ser submetido ao Conselho de Ministros e à Assembleia da República, o vice-reitor da Universidade de Coimbra, Avelãs Nunes, disse ontem que se trata do próprio modelo de enquadramento das Universidades públicas que abrirá a possibilidade destas serem geridas por fundações.
«Esse é um dos pontos que se coloca. Saber se um estatuto fundacional será o mais adequado para gerir Universidades públicas num país como o nosso», comentou. Depois, segundo Avelãs Nunes, é preciso saber qual vai ser o regime dessas fundações e quais as competências em poderes sobre as universidades de que passam a ser proprietárias e gestoras.
O vice-reitor manifestou preocupação por os orgãos de gestão das universidades passarem a ser nomeados pelo Governo. «Se for assim estão em causa todo os aspectos da autonomia universitária», observou Avelãs Nunes. A questão fundamental, frisou aquele responsável, é saber se o regime que aí vem salvaguarda ou não a autonomia das Universidades.
«Esse é um dos pontos que se coloca. Saber se um estatuto fundacional será o mais adequado para gerir Universidades públicas num país como o nosso», comentou. Depois, segundo Avelãs Nunes, é preciso saber qual vai ser o regime dessas fundações e quais as competências em poderes sobre as universidades de que passam a ser proprietárias e gestoras.
O vice-reitor manifestou preocupação por os orgãos de gestão das universidades passarem a ser nomeados pelo Governo. «Se for assim estão em causa todo os aspectos da autonomia universitária», observou Avelãs Nunes. A questão fundamental, frisou aquele responsável, é saber se o regime que aí vem salvaguarda ou não a autonomia das Universidades.
Ao intervir na sessão que antecedeu a realização de dois debates sobre o Processo de Bolonha, no âmbito das comemorações dos 30 anos da Licenciatura em Psicologia da Universidade de Coimbra, Avelãs Nunes disse que «o Estado português não tem que se queixar das universidades, porque têm gerido bem o dinheiro». «Queremos do Governo financiamentos plurianuais que nunca concedeu, mas que está previsto para as fundações», argumentou.
Avelãs Nunes disse ainda que «quem for para as fundações é um menino bonito. Quem não for é um menino feio e pagará por isso». «São linhas deste tipo que levam a que estejamos numa encruzilhada complicada. Os tempos não fáceis pelas questões equacionadas. As perspectivas não são animadoras», salientou.
Escola da vida
Afrimou, por outro lado, que a Universidade deve assumir-se como ´Universidade-cidadã`. «A Universidade de Coimbra enquanto instituição não faz manifestações. Faz parte do Estado, tem que colaborar com o Estado. Esta Universidade-instituição está a fazer o que pode. Mas devemos esperar mais da outra Universidade», referiu, exemplificando que a moção do Senado é uma «moção de cidadania, faz crítica política».
Já Sebastião Feyo de Azevedo, do Departamento de Engenharia Química da Universidade do Porto, disse, a propósito do Processo de Bolonha, que «o espaço europeu do conhecimento assenta na educação e na visão de que o Ensino Superior tem de ser perspectivado e projectado no plano da formação ao longo da vida».
Para aquele docente, a melhoria do potencial de empregabilidade dos futuros diplomados está directamente ligada à colaboração com os parceiros da escola (empresas e serviços) pela colaboração na redefinição de cursos e pela colaboração na formação.
Sebastião de Azevedo, ao falar de estratégia de desenvolvimento e Processo de Bolonha, acrescentou que «temos que lutar contra o orgulhosamente sós» e que não há dois caminhos para Portugal. «O único que há é o da qualidade com critérios europeus», concretizou. «Portugal tem que estar internamente preparado para este paradigma de desenvolvimento», concluiu.
Ainda durante a manhã de ontem, Cassiano Reimão, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, falou do papel do estudante no Processo de Bolonha. Defendeu que a Universidade tem que se reorganizar e tornar numa ´Escola da vida` e que «cabe ao aluno, numa Universidade de excelência, assumir que a cultura é uma dimensão nuclear da sua formação»."
José João Ribeiro
José João Ribeiro
(reprodução integral de artigo, datado de hoje, publicado em Diário de Coimbra)
3 comentários:
O Prof. Vital Moreira escreveu um artigo no Jornal Público de hoje (12/Jun): "A reforma do ensino superior." Posso enviar o artigo digitalizado a quem o pedir para jesteves@mat.ua.pt.
--- Jorge Sá Esteves
Tenho que ir até ao Minho para saber notícias da minha "loja"! Hoje estive bloqueado com outra actividade, pelo que não me foi possível dar conta disto. Obrigado.
Caro MJMatos,
Temos que ser uns para os outros. Foi isso que ouvi deste pequeno.
Um abraço.
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