1 - INTRODUÇÃO
Os Meios de Comunicação Social em Portugal e até os estrangeiros abordam diariamente o acréscimo crescente dos juros da Dívida Pública Portuguesa. Fala-se do OGE para 2011, agora definitivamente aprovado, mas mantém-se a reserva quanto às possibilidades da sua execução, etc. etc.. Há um ponto, focado há cerca de um ano pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão que toda a gente dentro e fora do País parece ter esquecido: a crise financeira em Portugal, para além de todos os tipos de “contágio” que vêm do exterior, resulta de defeitos estruturais da Economia Portuguesa, que vão muito para além do equilíbrio orçamental para o ano seguinte, e são estes que têm de ser corrigidos. Ora, no que diz respeito à correcção dos defeitos estruturais da Economia Portuguesa, continua a quase nada se fazer.
Uma observação elementar diz-nos que o Bem mais precioso que um país possui é o nível cultural, em todos os sentidos, dos seus cidadãos. Portanto, a primeira acção para corrigir os defeitos estruturais da Economia Portuguesa tem de ser a correcção dos “defeitos estruturais” do Ensino Básico e Secundário, pois Portugal contínua a ter o maior “índice de ileteracia” entre todos os países da Europa.
De vez em quando esse “parâmetro de subdesenvolvimento” aflora nos Meios de Comunicação Social em Portugal, mas esse “fogo” é logo apagado pelos órgãos centrais do Ministério da Educação, que dizem estar a tomar medidas enérgicas contra o “abandono escolar” e o “insucesso escolar”, citando, entre outros, o “grande sucesso” do programa “Novas Oportunidades”, etc.. Porém, a situação é persistente pelos “índices de ileteracia” publicados nos últimos anos.
2 - AS RAÍZES DO MAL
Em Portugal aconteceu uma “Revolução Cultural à Chinesa”, a do 25 de Abril, quando na China a “Revolução Cultural” de Mao Tsé-Tung já estava mesmo na agonia. De facto, basta reler os jornais da época e sucessivamente os posteriores, para, ao contrário do que às vezes se diz e escreve, se verificar que uma das componentes principais, se não a principal, do 25 de Abril foi uma “Revolução Cultural à Chinesa” que atingiu em cheio todo o Ensino Básico e Secundário e, felizmente, não atingiu de forma igual o Ensino Superior, embora mesmo aí tenha sido “saneada” a quase totalidade dos Professores e tivesse havido Faculdades dirigidas por alunos, etc. etc..
No ME fixou-se por essa altura uma “casta de sábios”, por muitos articulistas chamados “êduquês”, alguns hoje com o grau de doutor em Ciências da Educação, mas que nunca deram quaisquer aulas, que mandam em tudo, desde programas de todas as disciplinas até aos mais ínfimos pormenores que chegam ao modo como o ensino deve ser (!!!) ministrado desde o 1º ano (1ª classe) até ao 12º ano. Para completar a “derrocada”, destrui-se por completo o Ensino nas Escolas Comerciais e Industriais, de grandes tradições em Portugal, tendo tudo sido “fundido” numa “amálgama” trapalhona centrada em Lisboa, que ainda hoje persiste.
Essa “casta de sábios” e, bem assim, os dirigentes do Sindicato dos Professores, têm visto passar e continuam a ver passar à sua frente umas dezenas de ministros e secretários de estado que se têm mostrado impotentes para realizar quaisquer tipos de reformas gritantemente necessárias. Daí que as agressões a professores, comuns no dia a dia do PREC, continuem em várias escolas. Daí que a falta de disciplina nas salas de aula impedindo qualquer ensino sério continue em muitas escolas.
Para completar a cena, ministros(as) e secretários de estado continuam a dizer em público que “os alunos não podem se “retidos” porque isso se traduziria num aumento do “abandono escolar”, etc. etc. Isto é, são os próprios ministros(as) a fomentar o “caos” nas escolas B+S. Na verdade, se os maus alunos (maus, muitas vezes em todos os sentidos) têm assegurada a “passagem”, então porque não deverão eles “brincar” com os colegas dentro da sala de aula, atirando papeis e outros objectos, usando telemóveis para namorar, etc. etc.?
Repare-se que em nenhum país da Europa houve qualquer tipo de “Revolução” ou “Evolução” semelhante à que existiu e, em parte, ainda persiste em Portugal. E no Mundo só aconteceu na China. Portanto, alguém terá que se admirar que Portugal continue a ter o maior “índice de ileteracia” entre todos os países da Europa?
JBM (Nov. 2010)
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[Continua]