"Os milhões da Investigação Científica
O desfasamento entre a retórica do investimento estatal na investigação científica e a situação real que enfrentam neste momento as unidades de investigação e os investigadores que nelas trabalham assume contornos crescentemente preocupantes.
Conhecido o aumento das verbas do Orçamento de Estado de 2007 para o Ministério da Ciência e Tecnologia, agitados os milhões dos protocolos assinados com as Universidades americanas, as Unidades de investigação científica atravessam um momento de todo inusitado. Entre a quimera de um futuro risonho de data incerta, prometido pelos milhões que o QREN consagra à ciência, e o quotidiano da investigação e das obrigações inerentes à gestão corrente, o momento é de ruptura financeira e de angústia a muito curto prazo.
Na transição entre Quadros Comunitários de Financiamento, é evidente a inoperância governamental em termos do cumprimento necessário das obrigações assumidas com as unidades de investigação científica. Os atrasos no pagamento de transferências contratualizadas, muito para além do aceitável, o congelamento de programas de bolsas e de avaliação de projectos de investigação, o adiamento injustificado de iniciativas há muito previstas, colocam as unidades de investigação numa situação insustentável.
O SNESup tem vindo a receber relatos variados da angústia progressiva que toma conta das unidades de investigação, de quem as gere e de quem nelas trabalha. Mesmo em unidades de investigação com estruturas sólidas e habituadas ao incumprimento recorrente das obrigações de financiamento assumidas pelos organismos estatais, a situação começa a ganhar contornos dramáticos.
Para além dos prejuízos líquidos causados às actividades de investigação e dos efeitos em termos de incumprimento das obrigações salariais em relação aos investigadores, em larga maioria precários, é de todo inaceitável a postura de mau pagador em que o Estado se coloca.
A preocupação obsessiva com as questões orçamentais das actividades de investigação científica, as caricatas exigências e pedidos de explicações de cariz financeiro, mais do que responder às exigências burocratizantes da utilização de fundos europeus, está a tornar-se um perfeito álibi para quem sistemática e impunemente incumpre nas suas obrigações.
Diríamos que aqui, como em França, é cada vez mais necessário salvar a Investigação científica."
SNESup
(mensagem recebida por via electrónica, em 26-1-2007 , com a autoria assinalada)
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