“O melhor:
- política clara e integrada de apoio ao sistema científico;
- comunidade científica numerosa, cosmopolita e com projecção internacional;
- investigadores muito jovens, produtivos …;
- valores dominantes de exigência transmitidos ao tecido empresarial;
- universidades e centros de investigação de portas abertas às empresas.
O pior:
- reduzido investimento das pequenas e médias empresas na investigação e inovação;
- financiamento privado pouco adequado à lógica de longo prazo dos projectos;
- baixa cultura de risco e de espírito empreendedor;
- instabilidade no financiamento público quando o governo muda;
- burocracia na utilização dos fundos europeus;
- grande carga do ensino na carreira do investigador.
in Expresso de 06/06/24, p. 8
Fórum de Discussão: o retorno a uma utopia realizável - a Universidade do Minho como projecto aberto, participado, ao serviço do engrandecimento dos seus agentes e do desenvolvimento da sua região
sexta-feira, junho 30, 2006
quarta-feira, junho 28, 2006
O ensino superior português cresceu sem rei nem roque
“Em pouco mais de 30 anos, o número de estudantes no ensino superior português passou de 30 mil para 400 mil. O sector cresceu sem rei nem roque em número de instituições e de cursos e só a quebra do número de alunos, sentida com mais força a partir de 2003, fez soar os alarmes. […]
Esta pulverização é antiga. As instituições multiplicaram-se nas décadas de 80 e 90 para responder a uma procura que parecia imparável, sem se terem dado ao trabalho de olhar para as projecções demográficas. […]
Apesar de considerar que «há ilhas de qualidade no ensino superior», Henrique Neto pensa que o sistema «é mau no seu conjunto» por formar, «com fartura, jovens em busca de emprego e de um ordenado mensal». […]
Apesar de existirem em Portugal 40 mil licenciados no desemprego, Pinto dos Santos considera a situação «um sinal de desenvolvimento» e contesta os que pensam que uma licenciatura é sinónimo de emprego.”
(extractos de artigo intitulado Apostar na qualidade, publicado no Expresso – Única, de 06/06/24, pp. 48-52)
Esta pulverização é antiga. As instituições multiplicaram-se nas décadas de 80 e 90 para responder a uma procura que parecia imparável, sem se terem dado ao trabalho de olhar para as projecções demográficas. […]
Apesar de considerar que «há ilhas de qualidade no ensino superior», Henrique Neto pensa que o sistema «é mau no seu conjunto» por formar, «com fartura, jovens em busca de emprego e de um ordenado mensal». […]
Apesar de existirem em Portugal 40 mil licenciados no desemprego, Pinto dos Santos considera a situação «um sinal de desenvolvimento» e contesta os que pensam que uma licenciatura é sinónimo de emprego.”
(extractos de artigo intitulado Apostar na qualidade, publicado no Expresso – Única, de 06/06/24, pp. 48-52)
terça-feira, junho 27, 2006
"A brincar me enganas tu"
“Ladeando o novo edifício com finalidades pedagógicas que integra o Campus Universitário de Gualtar, postado de frente para a estrada nacional existe um monumental «placard» em betão que, à presente data, não contém qualquer inscrição. Especulando sobre a informação que no futuro ornamentará aquele espaço, um amigo meu, fazendo uso do humor que lhe é característico, sugeriu-me que provavelmente virá a constar: «Machado dos Santos – compra e venda de imóveis».
Nesta frase pretende o meu amigo condensar duas ideias que têm uma inquestionável pertinência em Braga: primeiro, a relevância incontornável que o sector da construção tem na nossa cidade (há quem fale da cidade dos empreiteiros); e, em segundo lugar, o não menos relevante papel da Universidade do Minho no desenvolvimento da urbe, com marca também no sector da construção imobiliária. Não estarei muito longe da verdade se disser que a Universidade se terá situado entre os três primeiros «promotores imobiliários» de Braga nos últimos 10 anos.
A importância da Universidade do Minho para o crescimento e evolução da cidade não se ficou obviamente por aí; e nem terá sido esse o seu maior contributo. Mau fora que tivesse sido.
Há, todavia, uma faceta desse crescimento do património imobiliário da U. M. que colhe na vertente mais criticável do crescimento da cidade, que é a aparência de «bairro social» que enforma o projecto do Campus de Gualtar.
É essa analogia implícita que dá substância ao comentário a que me reportei. Curiosamente, acaba por afigurar-se injusta, já que o edifício ultimamente surgido rompe claramente com o mau gosto que evidenciam as construções circundantes. Acrescente-se que não se trata apenas da estética dos edifícios. A questão é bem mais profunda e informa toda a estruturação do espaço (senão a própria orgânica institucional).
Não se vá, por isso, ver no reitor a origem de todos os pecados. Afinal, o maior pecado é não questionar; ou, melhor dizendo, não ousar. Fica, em razão disso, aqui, publicamente, a minha censura ao meu amigo, que brinca com coisas tão sérias.”
Nesta frase pretende o meu amigo condensar duas ideias que têm uma inquestionável pertinência em Braga: primeiro, a relevância incontornável que o sector da construção tem na nossa cidade (há quem fale da cidade dos empreiteiros); e, em segundo lugar, o não menos relevante papel da Universidade do Minho no desenvolvimento da urbe, com marca também no sector da construção imobiliária. Não estarei muito longe da verdade se disser que a Universidade se terá situado entre os três primeiros «promotores imobiliários» de Braga nos últimos 10 anos.
A importância da Universidade do Minho para o crescimento e evolução da cidade não se ficou obviamente por aí; e nem terá sido esse o seu maior contributo. Mau fora que tivesse sido.
Há, todavia, uma faceta desse crescimento do património imobiliário da U. M. que colhe na vertente mais criticável do crescimento da cidade, que é a aparência de «bairro social» que enforma o projecto do Campus de Gualtar.
É essa analogia implícita que dá substância ao comentário a que me reportei. Curiosamente, acaba por afigurar-se injusta, já que o edifício ultimamente surgido rompe claramente com o mau gosto que evidenciam as construções circundantes. Acrescente-se que não se trata apenas da estética dos edifícios. A questão é bem mais profunda e informa toda a estruturação do espaço (senão a própria orgânica institucional).
Não se vá, por isso, ver no reitor a origem de todos os pecados. Afinal, o maior pecado é não questionar; ou, melhor dizendo, não ousar. Fica, em razão disso, aqui, publicamente, a minha censura ao meu amigo, que brinca com coisas tão sérias.”
J. C.
(in Notícias do Minho, 1994/11/19)
domingo, junho 25, 2006
Uma comunidade que interiorizou os valores da exigência
“João Sentieiro salienta que «pela primeira vez existe entre nós uma política concertada para a Ciência», constatando que a comunidade científica portuguesa «começa a ter reputação internacional devido ao seu crescente envolvimento numa série de projectos com outros países da UE e com os EUA». No fundo, «é uma comunidade que interiorizou os valores da exigência e da avaliação, num país onde estes levantam tantas dificuldades de aceitação. E está a transmiti-los ao sector empresarial».
Há uma grande vontade de abertura às empresas nas universidades e nos centros de investigação, mas ainda existem barreiras. «Os anos lectivos são compridíssimos e a carga de ensino é demasiado elevada»., critica Irene Fonseca, acrescentando que «os jovens doutorados regressados a Portugal devem ter cargas de ensino mais leves, porque estão a começar uma carreira de investigação».
Eles encontram um país a duas velocidades onde há empresas, sobretudo em sectores tradicionais, que lutam pela sobrevivência, enquanto outras estão a investir no futuro.”
(extracto de artigo intitulado O optimismo da Ciência, publicado no Expresso de 06/06/24,
Há uma grande vontade de abertura às empresas nas universidades e nos centros de investigação, mas ainda existem barreiras. «Os anos lectivos são compridíssimos e a carga de ensino é demasiado elevada»., critica Irene Fonseca, acrescentando que «os jovens doutorados regressados a Portugal devem ter cargas de ensino mais leves, porque estão a começar uma carreira de investigação».
Eles encontram um país a duas velocidades onde há empresas, sobretudo em sectores tradicionais, que lutam pela sobrevivência, enquanto outras estão a investir no futuro.”
(extracto de artigo intitulado O optimismo da Ciência, publicado no Expresso de 06/06/24,
p. 8)
Este novo conceito de Bolonha
“O mais provável é que as propostas já apresentadas não ofereçam quaisquer novidades em termos de flexibilidade formativa. O mais provável é que os «novos» cursos sejam apenas a mera compactação das licenciaturas e que a designação de «unidade curricular», este novo conceito de Bolonha, fique esvaziada de conteúdo e não passe de uma convencional disciplina.”
Manuela Vaz Velho
(extracto de artigo publicado no Expresso, em 06/06/24, p. 24)
Manuela Vaz Velho
(extracto de artigo publicado no Expresso, em 06/06/24, p. 24)
sábado, junho 24, 2006
A UMinho não pode faltar à chamada!
“Conforme o afirma a UNESCO, em documento de trabalho datado de 1998: «o acelerar do avanço tecnológico, a obsolescência de algum conhecimento e o aparecimento de novas áreas de conhecimento e novas sínteses conduzem a um processo que, por sua vez, requer mudanças na educação superior. O avanço do conhecimento está crescentemente a provocar inovações tecnológicas que, muitas vezes, se oferecem revolucionárias» (UNESCO, 1998 p.26).
Sendo este um modelo emergente (sobretudo, quando tomamos o estádio de desenvolvimento da Universidade Portuguesa, aliás, em relação estreita com o próprio nível relativo de imaturidade da sociedade e da economia do país), parece oferecer-se incontornável por força das suas determinantes substantivas: a complexidade económica e tecnológica da realidade do presente e do futuro que se adivinha; a velocidade a que a mudança ocorre; e, obviamente, também por força dos enquadramentos políticos e institucionais que o país mantém.
Perante esta realidade, presente ou configurada, a capacidade de uma organização ou de um território depende, cada vez mais, do acesso aos conhecimentos de que ela/ele dispõe e cada vez em menor medida de conhecimentos que se possam obter em bibliotecas ou através de consulta de documentação. Diferentemente, o conhecimento deve desenvolver-se no contexto em que emergem as próprias necessidades, dando-lhes respostas (UNESCO, 1998, p.p. 9 e 18). Acresce que, à luz deste modelo societário e deste ritmo de transformação económico-tecnológico, os saberes dos técnicos (isto é, dos especialistas) esgotam-se rapidamente se não puderem integrar-se em equipas e em redes de criação e divulgação do conhecimento de que carecem.
Para as Universidades e para os territórios, este é um desafio de grande exigência. É, adicionalmente, pela natureza do projecto de construção social entrevisto, um desafio que se vence através de uma estreita congregação de esforços com os demais parceiros do projecto colectivo de desenvolvimento de cada espaço concreto.
Sabendo-se isto, não deve ser por défice de contributo da Universidade para a parceria que o projecto de desenvolvimento de um certo território seja hipotecado. Tratando-se do Minho, recuso-me a admitir que a Universidade do Minho possa faltar à chamada.”
J. Cadima Ribeiro
Sendo este um modelo emergente (sobretudo, quando tomamos o estádio de desenvolvimento da Universidade Portuguesa, aliás, em relação estreita com o próprio nível relativo de imaturidade da sociedade e da economia do país), parece oferecer-se incontornável por força das suas determinantes substantivas: a complexidade económica e tecnológica da realidade do presente e do futuro que se adivinha; a velocidade a que a mudança ocorre; e, obviamente, também por força dos enquadramentos políticos e institucionais que o país mantém.
Perante esta realidade, presente ou configurada, a capacidade de uma organização ou de um território depende, cada vez mais, do acesso aos conhecimentos de que ela/ele dispõe e cada vez em menor medida de conhecimentos que se possam obter em bibliotecas ou através de consulta de documentação. Diferentemente, o conhecimento deve desenvolver-se no contexto em que emergem as próprias necessidades, dando-lhes respostas (UNESCO, 1998, p.p. 9 e 18). Acresce que, à luz deste modelo societário e deste ritmo de transformação económico-tecnológico, os saberes dos técnicos (isto é, dos especialistas) esgotam-se rapidamente se não puderem integrar-se em equipas e em redes de criação e divulgação do conhecimento de que carecem.
Para as Universidades e para os territórios, este é um desafio de grande exigência. É, adicionalmente, pela natureza do projecto de construção social entrevisto, um desafio que se vence através de uma estreita congregação de esforços com os demais parceiros do projecto colectivo de desenvolvimento de cada espaço concreto.
Sabendo-se isto, não deve ser por défice de contributo da Universidade para a parceria que o projecto de desenvolvimento de um certo território seja hipotecado. Tratando-se do Minho, recuso-me a admitir que a Universidade do Minho possa faltar à chamada.”
J. Cadima Ribeiro
(extraído de “O Minho faz sentido. E a Universidade também!”, Área – Revista dos Alunos de Geografia e Planeamento da Universidade do Minho, nº 4, 2004, págs. 17-28)
quinta-feira, junho 22, 2006
Linhas gerais para a revisão do ECDU
“O Estatuto da Carreira Docente Universitária (ECDU) só foi capaz de preencher, durante os quase 27 anos que leva de vigência, o papel dinamizador que lhe é unanimemente reconhecido, mesmo por parte dos que desejam a sua substituição, por ter instituído uma verdadeira carreira, de elevadas qualificação, exigência e responsabilidade, em que se garante a quem venha a preencher as condições estabelecidas, a permanência e progresso na carreira, e o reconhecimento profissional adequado, garantias hoje erodidas por medidas avulsas, designadamente em matéria de retribuições e de gestão de quadros.
Redefinir a carreira docente universitária por forma a colocar patamares de exigência mais elevados e credibilizar a avaliação do cumprimento das exigências poderá passar quer pela aprovação de um Estatuto elaborado de raiz, quer pela introdução de alterações pontuais, mas cirúrgicas, no actual articulado.”
Redefinir a carreira docente universitária por forma a colocar patamares de exigência mais elevados e credibilizar a avaliação do cumprimento das exigências poderá passar quer pela aprovação de um Estatuto elaborado de raiz, quer pela introdução de alterações pontuais, mas cirúrgicas, no actual articulado.”
A Direcção do SNESup
(extracto de texto intitulado Linhas gerais para a revisão do ECDU - texto de apresentação, constante de http://www.snesup.pt/debate/inicio.htm e divulgado pela Direcção do SNESup, através de mensagem electrónica recebida de snesup@snesup.pt , em 06/06/22)
quarta-feira, junho 21, 2006
"Bolonha: far from a model, just a process for a while.../concluding remark"
“In a famous 2002 article, Pfeffer and Fong, two American professors, expressed very critical views against US business schools. Among other negative points, they argued that « large body of evidence suggests that the curriculum taught in business schools has only a small relationship to what is important for succeeding in business»
Many European universities today are devoting considerable amount of time and energy to redesign their curricula. As a famous economist (Keynes) used to say: «politicians are often victims of economists who are already dead».During this key transition phase, let us have a close look at our dominant competitors and, instead of copying them, identify what in our educational tradition is of great value to the future. And there are many… let us simply be creative and never forget that if market forces can certainly help introduce some movements and reforms in our often conservative academic institutions, education is fundamentally a public good which takes decades to build up and never benefits from «quick fix» solutions.”
Mottis, Nicolas (ESSEC Business School)
Keywords: AACSB; Accreditation; Bologna Process; Business Education; EFMD; MBA; Ranking JEL: A20 I21 I23 M53 Date: 2006-0Many European universities today are devoting considerable amount of time and energy to redesign their curricula. As a famous economist (Keynes) used to say: «politicians are often victims of economists who are already dead».During this key transition phase, let us have a close look at our dominant competitors and, instead of copying them, identify what in our educational tradition is of great value to the future. And there are many… let us simply be creative and never forget that if market forces can certainly help introduce some movements and reforms in our often conservative academic institutions, education is fundamentally a public good which takes decades to build up and never benefits from «quick fix» solutions.”
Mottis, Nicolas (ESSEC Business School)
URL: http://d.repec.org/n?u=RePEc:ebg:essewp:dr-06006&r=edu
(extracto de conclusão de “paper”; nep-edu, 2006)
O Poder de Portugal nas Relações Internacionais
“Decorrerá no dia 22 de Junho de 2006, às 18.00 horas, no Instituto Diplomático (Ministério dos Negócios Estrangeiros), em Lisboa, o lançamento da obra "O Poder de Portugal nas Relações Internacionais", da autoria de José Palmeira, professor do Departamento de Relações Internacionais e Administração Pública da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho. O livro, editado pela Prefácio, consiste numa análise à interacção de Portugal com o sistema geopolítico mundial no período compreendido entre 1945 e 2005, tendo por base a tese de doutoramento em Ciência Política e Relações Internacionais do autor.
A apresentação da obra estará a cargo do Professor Doutor João de Deus Pinheiro, actualmente deputado ao Parlamento Europeu e que, no passado, desempenhou, entre outros cargos, os de Ministro do Negócios Estrangeiros, Comissário Europeu e Reitor da Universidade do Minho”.
(extracto de notícia disponível na entrada eventos de http://www.eeg.uminho.pt/, em 06/06/17)
A apresentação da obra estará a cargo do Professor Doutor João de Deus Pinheiro, actualmente deputado ao Parlamento Europeu e que, no passado, desempenhou, entre outros cargos, os de Ministro do Negócios Estrangeiros, Comissário Europeu e Reitor da Universidade do Minho”.
(extracto de notícia disponível na entrada eventos de http://www.eeg.uminho.pt/, em 06/06/17)
terça-feira, junho 20, 2006
O falhanço do Pacto de Desenvolvimento Regional foi uma oportunidade perdida?
“CM - No sentido da criação dessa liderança, o falhanço do Pacto de Desenvolvimento Regional foi uma oportunidade perdida?
CR - A afirmação de que o designado Pacto Regional falhou é sua. O reitor da Universidade do Minho em funções, seu principal promotor, ainda há meia dúzia de meses afirmava que não considerava esse assunto encerrado. Seja como for, até pelo tempo decorrido desde o anúncio público da iniciativa, tem razão para considerar que algo falhou.
Do que percebi da proposta, o ´pacto` pretendia ser uma plataforma de entendimento sobre o que deveriam ser os vectores de desenvolvimento do Minho e, consequentemente, também de quais seriam os investimentos prioritários para a região para a conduzir para e consolidar num patamar superior de competitividade e coesão social. Pareceu-me meritória. Para ser uma etapa nesse processo de criação de uma liderança, entendi, desde o princípio, que lhe faltavam o condimento institucional e uma percepção mais apurada dos mecanismos de negociação e coordenação dos actores do território. Essa percepção que tive suportava-se na vivência que mantinha do território e dos seus agentes enquanto técnico de planeamento regional, resultado de projectos em que estive envolvido que atravessavam todo o território”.
(extracto de entrevista a J. Cadima Ribeiro - então, Presidente da Direcção da Plataforma Minho, ADR -, conduzida pelo jornalista José Paulo Silva, publicada pelo Correio do Minho, em 05/11/10)
CR - A afirmação de que o designado Pacto Regional falhou é sua. O reitor da Universidade do Minho em funções, seu principal promotor, ainda há meia dúzia de meses afirmava que não considerava esse assunto encerrado. Seja como for, até pelo tempo decorrido desde o anúncio público da iniciativa, tem razão para considerar que algo falhou.
Do que percebi da proposta, o ´pacto` pretendia ser uma plataforma de entendimento sobre o que deveriam ser os vectores de desenvolvimento do Minho e, consequentemente, também de quais seriam os investimentos prioritários para a região para a conduzir para e consolidar num patamar superior de competitividade e coesão social. Pareceu-me meritória. Para ser uma etapa nesse processo de criação de uma liderança, entendi, desde o princípio, que lhe faltavam o condimento institucional e uma percepção mais apurada dos mecanismos de negociação e coordenação dos actores do território. Essa percepção que tive suportava-se na vivência que mantinha do território e dos seus agentes enquanto técnico de planeamento regional, resultado de projectos em que estive envolvido que atravessavam todo o território”.
(extracto de entrevista a J. Cadima Ribeiro - então, Presidente da Direcção da Plataforma Minho, ADR -, conduzida pelo jornalista José Paulo Silva, publicada pelo Correio do Minho, em 05/11/10)
segunda-feira, junho 19, 2006
"Bolonha: far from a model, just a process for a while..."
“One of the drivers of university reforms in Europe over the last decade has been the need for a better harmonization of degrees and pedagogical systems. Launched by governments with a clear political objective - improve the competitiveness of Europe on a world scale - the European harmonization process structured by European Education Ministers summits and formal declarations (Paris, Bologna, Prague, Berlin, Bergen) every other year has fostered many changes in most countries. In business education, sector regulation mechanisms - like accreditations and rankings - also gained momentum over the same period of time. When analyzed carefully in practice, it is obvious that these three movements - Bologna process, accreditation and ranking - leave management education institutions much room to maneuver.
The thesis of this paper is that underlying factors, like the internationalization of students and faculty recruitments or the pressure on public spending, play an equally significant role to explain the structural evolution of academic institutions. Accreditations, rankings and the Bologna process are each capturing only a fraction of these phenomena. Taken altogether they do contribute to an upgrade in the management of European higher education institutions. But due to the cross-country differences in the adaptation to these changes and the various academic traditions, a harmonized European academic landscape is not for tomorrow …”.
Mottis, Nicolas (ESSEC Business School)
The thesis of this paper is that underlying factors, like the internationalization of students and faculty recruitments or the pressure on public spending, play an equally significant role to explain the structural evolution of academic institutions. Accreditations, rankings and the Bologna process are each capturing only a fraction of these phenomena. Taken altogether they do contribute to an upgrade in the management of European higher education institutions. But due to the cross-country differences in the adaptation to these changes and the various academic traditions, a harmonized European academic landscape is not for tomorrow …”.
Mottis, Nicolas (ESSEC Business School)
Keywords: AACSB; Accreditation; Bologna Process; Business Education; EFMD; MBA; Ranking JEL: A20 I21 I23 M53 Date: 2006-05
domingo, junho 18, 2006
Um blogue. Um ponto de encontro
Sei, de múltiplas conversas que tenho mantido com colegas de diferentes sensibilidades e formações; sei, do culto do poder que, desde meninos, nos foi incutido; sei, de vivências multifacetadas que fui experimentando em meio século de existência, que questionar um poder acabado de referendar suscita inibições e questionamento. É assim mesmo que ao poder instituído falte a legitimidade de uma eleição democrática representativa; é assim mesmo que convirjamos no balanço negativo do exercício do poder formalmente confirmado.
Discordo, frontalmente, destas leituras e destas posturas que, no limite, nos conduzem a assumir que todo o poder é legítimo, enquanto for poder. Recuso a ideia que, depois de um exercício que fica a marcar com as cores mais sombrias a vida da UMinho, seja necessário dar uns anos, uns meses, uns dias mais de benefício da dúvida aos detentores desse poder. Pelo contrário, acho que cada dia que decorra é um dia a mais; acho até que, se as personagens instaladas no poder têm o carinho e o empenho no engrandecimento na Instituição que dizem ter, não têm melhor modo do demonstrar isso que não seja demitirem-se, com carácter de urgência.
Clarifico que, dizendo isto, estou a ser tão transparente e tão leal quanto gostaria que o poder instalado o fosse com cada um e todos os membros da nossa academia. Sei, entretanto, de experiência própria (que remonta aos primeiros dias do 1º mandato), que esses são valores que os ocupantes actuais do poder não cultivam.
É neste contexto de luta pelos valores com que me identifico e de reclamação de uma Universidade assaz diferente da presente que tomei a iniciativa de criar este blogue que, no essencial, visa ser um ponto de encontro. Dar-me-ei por satisfeito quando ele for percebido pela nossa comunidade universitária como isso mesmo, um ponto de encontro de gente livre, empenhada em continuar a sê-lo e em deixar um contributo para o desenvolvimento da sua comunidade humana, local, regional, nacional, europeia, global.
Fica dito!
J. Cadima Ribeiro
Discordo, frontalmente, destas leituras e destas posturas que, no limite, nos conduzem a assumir que todo o poder é legítimo, enquanto for poder. Recuso a ideia que, depois de um exercício que fica a marcar com as cores mais sombrias a vida da UMinho, seja necessário dar uns anos, uns meses, uns dias mais de benefício da dúvida aos detentores desse poder. Pelo contrário, acho que cada dia que decorra é um dia a mais; acho até que, se as personagens instaladas no poder têm o carinho e o empenho no engrandecimento na Instituição que dizem ter, não têm melhor modo do demonstrar isso que não seja demitirem-se, com carácter de urgência.
Clarifico que, dizendo isto, estou a ser tão transparente e tão leal quanto gostaria que o poder instalado o fosse com cada um e todos os membros da nossa academia. Sei, entretanto, de experiência própria (que remonta aos primeiros dias do 1º mandato), que esses são valores que os ocupantes actuais do poder não cultivam.
É neste contexto de luta pelos valores com que me identifico e de reclamação de uma Universidade assaz diferente da presente que tomei a iniciativa de criar este blogue que, no essencial, visa ser um ponto de encontro. Dar-me-ei por satisfeito quando ele for percebido pela nossa comunidade universitária como isso mesmo, um ponto de encontro de gente livre, empenhada em continuar a sê-lo e em deixar um contributo para o desenvolvimento da sua comunidade humana, local, regional, nacional, europeia, global.
Fica dito!
J. Cadima Ribeiro
sábado, junho 17, 2006
Acabar com o actual sistema de eleição de reitores seria um bom primeiro passo
“No sul da Europa, os líderes das universidades não são, tipicamente, nem cientistas reputados, nem gestores reconhecidos […].
Se por um lado é hoje unanimemente reconhecida a necessidade de reformar as universidades (agora ainda mais, devido ao processo de Bolonha), por outro lado, as actuais estruturas de governação e mecanismos de escolha dos líderes não facilitam essas reformas, sendo elas próprias inibidoras da mudança. Bolonha, que se espera possa significar mais do que «cosmética de diplomas», constitui uma oportunidade única para repensar e reformar o sistema de ensino superior. Acabar com o actual sistema de eleição de reitores de universidades ou directores de faculdades seria um bom primeiro passo”.
Pedro Oliveira
Se por um lado é hoje unanimemente reconhecida a necessidade de reformar as universidades (agora ainda mais, devido ao processo de Bolonha), por outro lado, as actuais estruturas de governação e mecanismos de escolha dos líderes não facilitam essas reformas, sendo elas próprias inibidoras da mudança. Bolonha, que se espera possa significar mais do que «cosmética de diplomas», constitui uma oportunidade única para repensar e reformar o sistema de ensino superior. Acabar com o actual sistema de eleição de reitores de universidades ou directores de faculdades seria um bom primeiro passo”.
Pedro Oliveira
(extracto de artigo publicado no Expresso - Economia, de 06/06/17, p.19)
"A chave do êxito"
“A América e o Japão só crescem porque as reformas foram assumidas pela população. Não foi o governo a impor”.
Jorge Braga de Macedo (in Expresso - Economia, de 06/06/17, p.5)
Jorge Braga de Macedo (in Expresso - Economia, de 06/06/17, p.5)
Prémio Jacques Delors 2005
“Sandra Dias Fernandes, docente na Escola de Economia e Gestão da UMinho, recebe no dia 19 de Junho, no Centro Cultural de Belém, o Prémio Jacques Delors 2005, pela obra "Europa (In)Segura - União Europeia, Rússia, Aliança Atlântica: A Institucionalização de Uma Relação Estratégica", já editada pela Principia.
O prémio, instituído pelo Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD), contempla "o melhor estudo sobre temas comunitários" e foi atribuído por um júri presidido pelo Dr. Vítor Constâncio (Governador do Banco de Portugal), pela Dr.ª Isabel Mota e pelo Dr. José Paulouro das Neves.
A obra analisa os problemas decorrentes da queda do Muro de Berlim, nomeadamente em termos de segurança e de estabilidade do continente europeu, à luz das relações estabelecidas a nível institucional entre a União Europeia e a Rússia”.
O prémio, instituído pelo Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD), contempla "o melhor estudo sobre temas comunitários" e foi atribuído por um júri presidido pelo Dr. Vítor Constâncio (Governador do Banco de Portugal), pela Dr.ª Isabel Mota e pelo Dr. José Paulouro das Neves.
A obra analisa os problemas decorrentes da queda do Muro de Berlim, nomeadamente em termos de segurança e de estabilidade do continente europeu, à luz das relações estabelecidas a nível institucional entre a União Europeia e a Rússia”.
(extracto de notícia disponível na entrada eventos de http://www.eeg.uminho.pt, em 06/06/17)
sexta-feira, junho 16, 2006
"UMinho forma recursos em Timor"
«A Universidade do Minho (UM), em Braga, está a liderar um projecto que prevê o desenvolvimento institucional e formação de recursos humanos na Universidade Nacional de Timor.
Financiado pelo programa "Ásia-Link", da Comunidade Europeia, o "Sidnuet" iniciou-se há um ano com a coordenação do professor Adérito Marcos da UM. "No final do primeiro ano do projecto, o balanço é francamente positivo. A actual situação de instabilidade que se vive em Timor, especialmente em Díli, até agora não tem tido implicações negativas no projecto", afirma o coordenador.
O projecto tem objectivos muito específicos: "o desenho e implementação de um sistema de informação e comunicação base, a formação intensiva ao nível da língua portuguesa e formação avançada ao nível do mestrado em educação, a fornecer pela UM a um núcleo inicial de 5 docentes da congénere timorense, que para o efeito permanecem em Portugal, na UM, durante 30 meses, a formação e organização da biblioteca local, tendo em conta não só conteúdos em língua portuguesa mas também inglesa e a organização pela UM da formação graduada e pós-graduada na área da educação que irá ser fornecida localmente na Universidade de Timor"».
(extracto de notícia publicada no Jornal de Notícias, em 06/06/16)
Em dez anos, aprendi duramente
“Há dez anos decidi prescindir de um pouco (ou muito) de vida própria para criar uma empresa com alunos e dar também algum contributo para abrir novos caminhos para a sociedade portuguesa. Em dez anos aprendi duramente que as dificuldades em "criar uma empresa", sobretudo aquele tipo de empresa de que (como continuo a acreditar) mais precisamos hoje, não são nem de perto nem de longe as dificuldades a que os governos possam responder tão linearmente com iniciativas "crie a sua empresa na hora". São ultrapassáveis, certamente, se percebidas e enfrentadas. Mas não são exactamente aquelas de que muitos "especialistas" académicos (alinhados), consultores (contratados), e políticos (nomeados) sempre falam, num exercício repetitivo de lavagem cerebral colectiva para um pensamento único que, sem convencer já ninguém, todos os dias nos entra em casa por canais de "informação" manipulados.
O primeiro passo para romper este cerco do desemprego, do desencanto e da desmoralização - em que Braga é neste momento a "praça" mais duramente castigada - terá de ser um toque a rebate, senão nos velhos sinos das torres, nos novos sinos da Internet e dos jornais verdadeiramente comprometidos com a verdade e com as pessoas”.
Luís Botelho Ribeiro (extracto de artigo disponível em http://botelhoribeiro.blogspot.com/, datado de 18 de Março de 2006)
quinta-feira, junho 15, 2006
Memória longínqua de uma campanha eleitoral - II
“De um forma genérica, concordo com as ideias enunciadas pelo colega Moisés Martins na sua entrevista (no seu todo). Só não consegui perceber onde vislumbra melhorias em matéria de organização interna. Quererá referir-se ao avanço em matéria de informatização dos serviços, que já tardava, conforme muito bem refere alguém em comentário precedente, ou quererá reportar-se à burocratização e centralização sem precedentes a que se assistiu entretanto? E que dizer dos prazos com que os documentos e pagamentos a fornecedores são processados? E que dizer de um sistema de informação que se sugere mais um "SIS" que um sistema de apoio à gestão e funcionamento da organização?
Relativamente ao controle de presenças, também não consegui descortinar no passado, e continuo a não ver hoje qual a respectiva vantagem, aparte a burocracia acrescida e a mensagem que passa que a eficácia da organização releva da afirmação de uma autoridade administrativa e não da mobilização das pessoas, seus agentes.
Nisso, o que se passa com os funcionários não docentes não difere da forma como são consideradas as unidades orgânicas e os seus responsáveis. O que está em causa é toda a filosofia de gestão e não acções isoladas. Por isso é que há que procurar novos intérpretes para a liderança da UMinho e, desejavelmente, alguém que perceba alguma coisa de gestão de organizações".
J. Cadima Ribeiro
(extraído de comentários, http://universidadeplural.blogspot.com, 17 de Abril de 2006)
quarta-feira, junho 14, 2006
Lágrimas de crocodilo
“Entre nós, os reitores em exercício costumam chorar piedosas lágrimas de crocodilo, endossando para a actual lei da autonomia universitária a responsabilidade das votações em colégio para a eleição do reitor. Uma questão de fundo, todavia, se coloca: o que é que têm feito os reitores para que o legislador altere a lei? Desconheço quaisquer tomadas de posição públicas do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) sobre esta matéria. E também não vi nunca um reitor em exercício pronunciar-se a favor de eleições por voto universal ponderado para reitor”.
Moisés Martins (extracto de artigo publicado no jornal Público, de 06/06/11)
Moisés Martins (extracto de artigo publicado no jornal Público, de 06/06/11)
terça-feira, junho 13, 2006
Saudação devida a um regressado
Caro colega Moisés Martins,
Folgo com o seu retorno à vida, por interposta figura de blogue. A luta por uma Universidade alternativa não se esgota, como bem sabe, nas candidaturas que, periodicamente, se possam apresentar, se bem que a sua tenha feito o seu papel, necessário, de agitação de consciências.
A ver vamos se seremos capazes de, dia-a-dia, estruturar um projecto diferente de Universidade que, para o ser, tem que ser forçosamente mais plural, mais democrático, mais criativo, mais próximo dos seus agentes e dos interesses do Minho.
O desafio está lançado!
Cordiais cumprimentos,
J. Cadima Ribeiro
Folgo com o seu retorno à vida, por interposta figura de blogue. A luta por uma Universidade alternativa não se esgota, como bem sabe, nas candidaturas que, periodicamente, se possam apresentar, se bem que a sua tenha feito o seu papel, necessário, de agitação de consciências.
A ver vamos se seremos capazes de, dia-a-dia, estruturar um projecto diferente de Universidade que, para o ser, tem que ser forçosamente mais plural, mais democrático, mais criativo, mais próximo dos seus agentes e dos interesses do Minho.
O desafio está lançado!
Cordiais cumprimentos,
J. Cadima Ribeiro
O novo modelo de Universidade
“Tanto quanto se pode perceber, o novo modelo de Universidade, em fase de configuração, tem por traços dominantes os seguintes (c.f. Massicotte, 2002, p.7):
i) «o conhecimento cria-se através da acção e uma nova partilha de tarefas institui-se entre investigação fundamental, investigação aplicada, investigação e desenvolvimento, inovação e transferência»;
ii) «a formação não está mais a montante da investigação, mas insere-se no próprio processo de criação de conhecimentos»;
iii) «a procura social ultrapassa a oferta, daí o deslocamento da acentuação da selecção para o sucesso», isto é, a proporção de empregos que requerem conhecimentos e aptidões de alto nível vai sendo crescente e, daí, a posse de um grau deixar de ser o elemento distintivo”.
J. Cadima Ribeiro (extraído de “O Minho faz sentido. E a Universidade também!”, Área – Revista dos Alunos de Geografia e Planeamento da Universidade do Minho, nº 4, 2004, págs. 17-28)
i) «o conhecimento cria-se através da acção e uma nova partilha de tarefas institui-se entre investigação fundamental, investigação aplicada, investigação e desenvolvimento, inovação e transferência»;
ii) «a formação não está mais a montante da investigação, mas insere-se no próprio processo de criação de conhecimentos»;
iii) «a procura social ultrapassa a oferta, daí o deslocamento da acentuação da selecção para o sucesso», isto é, a proporção de empregos que requerem conhecimentos e aptidões de alto nível vai sendo crescente e, daí, a posse de um grau deixar de ser o elemento distintivo”.
J. Cadima Ribeiro (extraído de “O Minho faz sentido. E a Universidade também!”, Área – Revista dos Alunos de Geografia e Planeamento da Universidade do Minho, nº 4, 2004, págs. 17-28)
segunda-feira, junho 12, 2006
O modelo tradicional de Universidade
“São traços dominantes do modelo tradicional de Universidade (UNESCO, 1998, p. 14; Massicotte, 2002, p.6): i) a criação de conhecimentos, que vão ser armazenados nas bibliotecas; ii) a transmissão de conhecimentos às novas gerações que se vão sucedendo; iii) a oferta superior à procura social, funcionando a Universidade como filtro social.
Conforme o destaca Guy Massicotte (2002, p.6), «a Universidade deste período assemelha-se bastante a uma fábrica». Uma fábrica ou cadeia de produção de graduados, já que persiste uma excessiva orientação para o ensino (Domingues, 1998, p.43)”.
J. Cadima Ribeiro (extraído de “O Minho faz sentido. E a Universidade também!”, Área – Revista dos Alunos de Geografia e Planeamento da Universidade do Minho, nº 4, 2004, págs. 17-28)
Conforme o destaca Guy Massicotte (2002, p.6), «a Universidade deste período assemelha-se bastante a uma fábrica». Uma fábrica ou cadeia de produção de graduados, já que persiste uma excessiva orientação para o ensino (Domingues, 1998, p.43)”.
J. Cadima Ribeiro (extraído de “O Minho faz sentido. E a Universidade também!”, Área – Revista dos Alunos de Geografia e Planeamento da Universidade do Minho, nº 4, 2004, págs. 17-28)
sábado, junho 10, 2006
AG quê?
Há uns anos, em Dezembro de 2002, era 1º Ministro de Portugal José Manuel Barroso e Ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite, reagindo ao momento económico e político que se vivia, escrevi um pequeno artigo na comunicação social que quero aqui invocar; vamos a isso:
“Nos últimos meses instalou-se em Portugal um clima de grande desânimo e descrédito. Sendo este um estado de alma profundamente funesto do ponto de vista da mobilização social e da dinâmica económica, permitimos todos que se instalasse e, pior que isso, assentou nisso a linha de força do discurso que o governo, em geral, e certos ministros, em particular, entenderam veicular aos portugueses.
Entende-se que essa estratégia possa fazer sentido enquanto o que importa sublinhar é a herança de ineficiência e ausência de visão do governo cessante. Entende-se pior quando o que passa a estar em causa é o sucesso das políticas do próprio governo em funções, e percebe-se menos, ainda, quando o que o discurso político acaba por veicular são iniciativas de gestão económica pública profundamente erradas, ultrapassadas na concepção que fazem do funcionamento dos mecanismos económicos e, além do mais, inconsistentes.
Embora, como digo, seja esse um sinal distintivo do discurso do governo do Dr. Durão Barroso, no seu todo, a nota mais negativa tem que ser atribuída à sua ministra das finanças, a quem escaparam coisas tão óbvias como a ideia que para cobrar mais receita fiscal é necessário que a actividade económica cresça de forma sustentada, e que o investidor não é mobilizado pela ideia de que ao fundo da estrada não deve esperar mais do que o precipício. Diferentemente, a subida das taxas de fiscalidade só pode gerar a retracção da receita, do mesmo modo que a retracção do investimento público não só acaba por afectar seriamente os sectores económicos implicados por essa despesa, gerando um efeito de retracção económica geral, como hipoteca o crescimento a prazo do país, ao não concretizar projectos essenciais para a modernização da infra-estrutura geral.
Perante dados tão óbvios, surpreende-me a cumplicidade dos fazedores de opinião e da comunicação social, em geral, com esta visão das coisas e estas propostas de gestão da economia. Surpreende-me tanto mais quanto se pretende passar a mensagem de que o que está em causa é rigor e seriedade na condução dos assuntos do país, porventura confundindo discurso agreste e convencimento pessoal com capacidade técnica e eficiência.
Num registo mais benévolo, pode-se admitir que o que subjaz à mencionada complacência, senão cumplicidade, será a perspectiva de que já não faltará muito para que um tal discurso se desmorone, por si, face à iminência da divulgação dos primeiros resultados de avaliação das políticas. Mas, pergunto, a que custos presentes e futuros? Não faria mais sentido prevenir o erro que ajustar a trajectória a-posteriori? Afinal qual é o conceito de cidadania que cultivamos?
Estas são as questões que se me oferecem face ao estado de passividade que vejo instaurar-se na sociedade portuguesa. São, por outro lado, como bem se percebe, a expressão escrita de um grito de revolta”.
Contrariamente ao que terá ocorrido a alguns, não pretendo com a invocação do texto em causa (que se intitulava “Manuela Ferreira Quê?”) fazer prova de que possuía na ocasião dotes de bruxo. Ocorreu-me este texto pela analogia que se me sugere existir entre a governação do país de então e a da Universidade do Minho dos últimos 4 anos. Se duvidam da acuidade da analogia, digam-me então o que vos fazem lembrar passagens como as que passo a destacar:
i) “Nos últimos (anos) instalou-se (na UMinho) um clima de grande desânimo e descrédito. Sendo este um estado de alma profundamente funesto do ponto de vista da mobilização (dos seus agentes) e da dinâmica (geral da organização), permitimos todos que se instalasse”;
ii) “Entende-se que essa estratégia possa fazer sentido enquanto o que importa sublinhar é a herança (da reitoria) cessante. Entende-se pior quando o que passa a estar em causa é o sucesso (da gestão) da própria (reitoria) em funções, e percebe-se menos, ainda, quando o que o discurso ... acaba por veicular são iniciativas de gestão (universitária) profundamente erradas, ultrapassadas na concepção que fazem do funcionamento das organizações)”;
iii) “A nota mais negativa tem que ser atribuída (ao reitor - se bem que o seu vice-reitor para a propaganda, em particular, também não esteja isento de responsabilidade -), a quem escaparam coisas tão óbvias como a ideia que para (fazer crescer o número de alunos e projectos captados e, de um modo geral, a actividade e eficiência da instituição) de forma sustentada, é necessário que (os seus agentes percebam e partilhem as orientações gizadas), e que (docentes, investigadores e funcionários não-docentes não são) mobilizados pela ideia de que ao fundo da estrada não deve esperar-se mais do que o precipício”; finalmente,
iv) “Surpreende-me a cumplicidade de (certos responsáveis intermédios da Instituição – presidentes de Escola; directores de Centros de Investigação; directores de Serviços, etc.- e) fazedores de opinião. Surpreende-me tanto mais quanto se pretende passar a mensagem de que o que está em causa é rigor e seriedade na condução dos assuntos da (Universidade), porventura confundindo discurso agreste e convencimento pessoal com capacidade técnica e eficiência”.
Esta derradeira frase era a chave para o título do artigo. Feito o ajustamento de agulha, sugere-se-me adequado que o texto passe a ser intitulado como agora proponho. Como diria um meu ex-amigo: é justo!
J. Cadima Ribeiro
“Nos últimos meses instalou-se em Portugal um clima de grande desânimo e descrédito. Sendo este um estado de alma profundamente funesto do ponto de vista da mobilização social e da dinâmica económica, permitimos todos que se instalasse e, pior que isso, assentou nisso a linha de força do discurso que o governo, em geral, e certos ministros, em particular, entenderam veicular aos portugueses.
Entende-se que essa estratégia possa fazer sentido enquanto o que importa sublinhar é a herança de ineficiência e ausência de visão do governo cessante. Entende-se pior quando o que passa a estar em causa é o sucesso das políticas do próprio governo em funções, e percebe-se menos, ainda, quando o que o discurso político acaba por veicular são iniciativas de gestão económica pública profundamente erradas, ultrapassadas na concepção que fazem do funcionamento dos mecanismos económicos e, além do mais, inconsistentes.
Embora, como digo, seja esse um sinal distintivo do discurso do governo do Dr. Durão Barroso, no seu todo, a nota mais negativa tem que ser atribuída à sua ministra das finanças, a quem escaparam coisas tão óbvias como a ideia que para cobrar mais receita fiscal é necessário que a actividade económica cresça de forma sustentada, e que o investidor não é mobilizado pela ideia de que ao fundo da estrada não deve esperar mais do que o precipício. Diferentemente, a subida das taxas de fiscalidade só pode gerar a retracção da receita, do mesmo modo que a retracção do investimento público não só acaba por afectar seriamente os sectores económicos implicados por essa despesa, gerando um efeito de retracção económica geral, como hipoteca o crescimento a prazo do país, ao não concretizar projectos essenciais para a modernização da infra-estrutura geral.
Perante dados tão óbvios, surpreende-me a cumplicidade dos fazedores de opinião e da comunicação social, em geral, com esta visão das coisas e estas propostas de gestão da economia. Surpreende-me tanto mais quanto se pretende passar a mensagem de que o que está em causa é rigor e seriedade na condução dos assuntos do país, porventura confundindo discurso agreste e convencimento pessoal com capacidade técnica e eficiência.
Num registo mais benévolo, pode-se admitir que o que subjaz à mencionada complacência, senão cumplicidade, será a perspectiva de que já não faltará muito para que um tal discurso se desmorone, por si, face à iminência da divulgação dos primeiros resultados de avaliação das políticas. Mas, pergunto, a que custos presentes e futuros? Não faria mais sentido prevenir o erro que ajustar a trajectória a-posteriori? Afinal qual é o conceito de cidadania que cultivamos?
Estas são as questões que se me oferecem face ao estado de passividade que vejo instaurar-se na sociedade portuguesa. São, por outro lado, como bem se percebe, a expressão escrita de um grito de revolta”.
Contrariamente ao que terá ocorrido a alguns, não pretendo com a invocação do texto em causa (que se intitulava “Manuela Ferreira Quê?”) fazer prova de que possuía na ocasião dotes de bruxo. Ocorreu-me este texto pela analogia que se me sugere existir entre a governação do país de então e a da Universidade do Minho dos últimos 4 anos. Se duvidam da acuidade da analogia, digam-me então o que vos fazem lembrar passagens como as que passo a destacar:
i) “Nos últimos (anos) instalou-se (na UMinho) um clima de grande desânimo e descrédito. Sendo este um estado de alma profundamente funesto do ponto de vista da mobilização (dos seus agentes) e da dinâmica (geral da organização), permitimos todos que se instalasse”;
ii) “Entende-se que essa estratégia possa fazer sentido enquanto o que importa sublinhar é a herança (da reitoria) cessante. Entende-se pior quando o que passa a estar em causa é o sucesso (da gestão) da própria (reitoria) em funções, e percebe-se menos, ainda, quando o que o discurso ... acaba por veicular são iniciativas de gestão (universitária) profundamente erradas, ultrapassadas na concepção que fazem do funcionamento das organizações)”;
iii) “A nota mais negativa tem que ser atribuída (ao reitor - se bem que o seu vice-reitor para a propaganda, em particular, também não esteja isento de responsabilidade -), a quem escaparam coisas tão óbvias como a ideia que para (fazer crescer o número de alunos e projectos captados e, de um modo geral, a actividade e eficiência da instituição) de forma sustentada, é necessário que (os seus agentes percebam e partilhem as orientações gizadas), e que (docentes, investigadores e funcionários não-docentes não são) mobilizados pela ideia de que ao fundo da estrada não deve esperar-se mais do que o precipício”; finalmente,
iv) “Surpreende-me a cumplicidade de (certos responsáveis intermédios da Instituição – presidentes de Escola; directores de Centros de Investigação; directores de Serviços, etc.- e) fazedores de opinião. Surpreende-me tanto mais quanto se pretende passar a mensagem de que o que está em causa é rigor e seriedade na condução dos assuntos da (Universidade), porventura confundindo discurso agreste e convencimento pessoal com capacidade técnica e eficiência”.
Esta derradeira frase era a chave para o título do artigo. Feito o ajustamento de agulha, sugere-se-me adequado que o texto passe a ser intitulado como agora proponho. Como diria um meu ex-amigo: é justo!
J. Cadima Ribeiro
sexta-feira, junho 09, 2006
É preciso que nos organizemos
“É preciso que nos organizemos nas Escolas, exigindo financiamento adequado para 2007, renovação dos contratos do pessoal docente, condições para formação.
É importante que denunciemos junto da comunicação social, do Ministério, dos órgãos de poder em geral, as situações que vêm sendo criadas.
É imprescindível que nos organizemos”.
(extracto de mensagem electrónica recebida de organização@snesup.pt, datada de 9 de Junho de 2006, 10,41 h, co-assinada por FENPROF e SNESUP)
É importante que denunciemos junto da comunicação social, do Ministério, dos órgãos de poder em geral, as situações que vêm sendo criadas.
É imprescindível que nos organizemos”.
(extracto de mensagem electrónica recebida de organização@snesup.pt, datada de 9 de Junho de 2006, 10,41 h, co-assinada por FENPROF e SNESUP)
quinta-feira, junho 08, 2006
Memória longinqua de uma campanha eleitoral
"Caros(as),
J. Cadima Ribeiro"
(extraído de comentários, http://universidadeplural.blogspot.com, 2 de Maio de 2005)
Depois de ver a lista eleitoral do candidato A. Guimarães Rodrigues e a lista dos seus apoiantes confessos, fico ainda mais preocupado. A urgência da reorganização e renovação da UMinho fica mais patente - e também a da sua democratização. Sai, por outro lado, vincada a minha convicção de que uma alternativa a este poder e a este autismo só pode vir de um colectivo alargado, que não vise o curto prazo e, muito menos, vaidades pessoais. A essa luz, tenho alguma curiosidade em conhecer a equipa deste homem "só" que até agora tem sido o Prof. Moisés Martins, e espero que não me desaponte tanto quanto o candidato e seguidores a que me refiro na abertura deste texto.
Cumprimentos,J. Cadima Ribeiro"
(extraído de comentários, http://universidadeplural.blogspot.com, 2 de Maio de 2005)
terça-feira, junho 06, 2006
The Starting Point to Achievement
"The starting point of great success and achievement has always been the same. It is for you to dream big dreams. There is nothing more important, and nothing that works faster than for you to cast off your own limitations than for you to begin dreaming and fantasizing about the wonderful things that you can become, have, and do. "
Brian Tracy (extraído de SBANC Newsletter, Arkansas, USA, June 6, 2006, Issue 424)
domingo, junho 04, 2006
Da Universidade para a Região
1. As mudanças nas hierarquias espaciais observadas desde o início dos anos 70 do século XX conduziram os investigadores da Ciência Regional a formular novas explicações para e a inquirir sobre o papel desempenhado pelo território. A pesquisa subsequente permitiu compreender que o território deveria ser considerado como um recurso específico, resultado de um processo (colectivo) de construção histórica e cultural. Em vez da ultrapassada ideia da neutralidade do espaço até então vigente, impôs-se progressivamente a noção de espaço como campo de forças onde o nível de produto depende da capacidade para produzir um misto de coesão, inovação e de comportamentos estratégicos, num contexto sistémico evolutivo.
2. Instituições como as Universidades são vectores marcantes do campo de forças a que se alude antes. A sua importância estratégica será tanto maior quanto a instituição universitária tenda a ser vista pelas empresas e populações do seu entorno como um agente de primeira ordem da parceria mobilizável para o desenvolvimento. Um parceiro tanto mais estratégico quanto as rupturas tecnológicas e organizacionais entretanto acontecidas vêm sublinhando a importância das componente criação e partilha de conhecimentos inerentes a qualquer projecto de transformação territorial. Quer-se com isto dizer que o conhecimento e a acção associada ao domínio do saber tecnológico e organizacional, do saber e do saber-fazer, se sugerem hoje como nunca antes os elementos portadores da diferença entre ganhadores e perdedores da batalha do progresso social.
3. Uma percepção errónea do significado e importância destes dados poderá levar a pretender que as instituições de formação superior e de investigação se constituam em centros de poder social e político, mesmo faltando aos seus interpretes a legitimidade que resulta dos processos democráticos de escolha pública alargada. Obviamente, da sua relevância estratégica, algum poder lhes resulta mas, atentos à missão da Universidade e das instituições de investigação, cumprir-lhes-á, sobretudo, ser agentes de formação, de inovação (tecnológica e organizacional) e de mudança social, ser facilitadores da comunicação entre diferentes instâncias de poder económico e deste com os poderes políticos, e ser espaços de diálogo e agitadores de novos desafios sociais.
4. Quando se consideram as propostas avançadas pelo actual reitor da UMinho, no início do seu primeiro mandato, de um designado “Pacto de Desenvolvimento Regional” ou, mais recentemente (eventualmente, ensaiando o lançamento de uma nova bandeira eleitoral), de uma candidatura do Minho a “Capital Europeia da Cultura”, é em grande medida desse mal-entendido que se trata, para além de denunciar alguma insuficiência de informação. Lamentavelmente, este laborar no erro não só inviabiliza ideias que, em si, poderiam ser portadoras (refiro-me à do pacto regional, que não à da “região” capital europeia da cultura) como tira espaço à Instituição no seu diálogo com os demais actores sociais. Se, entretanto, nem tudo foi perdido, é porque a UMinho vai muito para além da sede de protagonismo e estreiteza de leituras do actual titular.
5. Da minha exposição ao mundo empresarial e político, como técnico e como académico, sou, porventura, dos que está melhor posicionado para perceber o universo de inibições, barreiras e complexos que têm toldado a comunicação e a efectividade da parceria para o desenvolvimento entre a Universidade do Minho e os principais actores da Região. Não tenho dúvidas que há responsabilidades divididas da UMinho, dos empresários e dos políticos da sua região envolvente no insuficiente partido que o território tem tirado da Instituição. Se, pese isso embora, não se consegue pensar a presente realidade do Minho (sobretudo, do Baixo Minho) sem o contributo da sua Universidade, imagine-se o que se poderia ter alcançado e, especialmente, o que se poderá conseguir tirando pleno partido das capacidade e competências científica e técnica instaladas.
Seguro que estou desse potencial, não estou menos certo que as instituições carecem de lideranças esclarecidas. A sua ausência ou o insuficiente exercício desse papel nas organizações, quando não as levam à morte, debilitam-nas. É também por isso que a mudança na UMinho urge mais do que nunca.
J. Cadima Ribeiro
2. Instituições como as Universidades são vectores marcantes do campo de forças a que se alude antes. A sua importância estratégica será tanto maior quanto a instituição universitária tenda a ser vista pelas empresas e populações do seu entorno como um agente de primeira ordem da parceria mobilizável para o desenvolvimento. Um parceiro tanto mais estratégico quanto as rupturas tecnológicas e organizacionais entretanto acontecidas vêm sublinhando a importância das componente criação e partilha de conhecimentos inerentes a qualquer projecto de transformação territorial. Quer-se com isto dizer que o conhecimento e a acção associada ao domínio do saber tecnológico e organizacional, do saber e do saber-fazer, se sugerem hoje como nunca antes os elementos portadores da diferença entre ganhadores e perdedores da batalha do progresso social.
3. Uma percepção errónea do significado e importância destes dados poderá levar a pretender que as instituições de formação superior e de investigação se constituam em centros de poder social e político, mesmo faltando aos seus interpretes a legitimidade que resulta dos processos democráticos de escolha pública alargada. Obviamente, da sua relevância estratégica, algum poder lhes resulta mas, atentos à missão da Universidade e das instituições de investigação, cumprir-lhes-á, sobretudo, ser agentes de formação, de inovação (tecnológica e organizacional) e de mudança social, ser facilitadores da comunicação entre diferentes instâncias de poder económico e deste com os poderes políticos, e ser espaços de diálogo e agitadores de novos desafios sociais.
4. Quando se consideram as propostas avançadas pelo actual reitor da UMinho, no início do seu primeiro mandato, de um designado “Pacto de Desenvolvimento Regional” ou, mais recentemente (eventualmente, ensaiando o lançamento de uma nova bandeira eleitoral), de uma candidatura do Minho a “Capital Europeia da Cultura”, é em grande medida desse mal-entendido que se trata, para além de denunciar alguma insuficiência de informação. Lamentavelmente, este laborar no erro não só inviabiliza ideias que, em si, poderiam ser portadoras (refiro-me à do pacto regional, que não à da “região” capital europeia da cultura) como tira espaço à Instituição no seu diálogo com os demais actores sociais. Se, entretanto, nem tudo foi perdido, é porque a UMinho vai muito para além da sede de protagonismo e estreiteza de leituras do actual titular.
5. Da minha exposição ao mundo empresarial e político, como técnico e como académico, sou, porventura, dos que está melhor posicionado para perceber o universo de inibições, barreiras e complexos que têm toldado a comunicação e a efectividade da parceria para o desenvolvimento entre a Universidade do Minho e os principais actores da Região. Não tenho dúvidas que há responsabilidades divididas da UMinho, dos empresários e dos políticos da sua região envolvente no insuficiente partido que o território tem tirado da Instituição. Se, pese isso embora, não se consegue pensar a presente realidade do Minho (sobretudo, do Baixo Minho) sem o contributo da sua Universidade, imagine-se o que se poderia ter alcançado e, especialmente, o que se poderá conseguir tirando pleno partido das capacidade e competências científica e técnica instaladas.
Seguro que estou desse potencial, não estou menos certo que as instituições carecem de lideranças esclarecidas. A sua ausência ou o insuficiente exercício desse papel nas organizações, quando não as levam à morte, debilitam-nas. É também por isso que a mudança na UMinho urge mais do que nunca.
J. Cadima Ribeiro
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