1. As mudanças nas hierarquias espaciais observadas desde o início dos anos 70 do século XX conduziram os investigadores da Ciência Regional a formular novas explicações para e a inquirir sobre o papel desempenhado pelo território. A pesquisa subsequente permitiu compreender que o território deveria ser considerado como um recurso específico, resultado de um processo (colectivo) de construção histórica e cultural. Em vez da ultrapassada ideia da neutralidade do espaço até então vigente, impôs-se progressivamente a noção de espaço como campo de forças onde o nível de produto depende da capacidade para produzir um misto de coesão, inovação e de comportamentos estratégicos, num contexto sistémico evolutivo.
2. Instituições como as Universidades são vectores marcantes do campo de forças a que se alude antes. A sua importância estratégica será tanto maior quanto a instituição universitária tenda a ser vista pelas empresas e populações do seu entorno como um agente de primeira ordem da parceria mobilizável para o desenvolvimento. Um parceiro tanto mais estratégico quanto as rupturas tecnológicas e organizacionais entretanto acontecidas vêm sublinhando a importância das componente criação e partilha de conhecimentos inerentes a qualquer projecto de transformação territorial. Quer-se com isto dizer que o conhecimento e a acção associada ao domínio do saber tecnológico e organizacional, do saber e do saber-fazer, se sugerem hoje como nunca antes os elementos portadores da diferença entre ganhadores e perdedores da batalha do progresso social.
3. Uma percepção errónea do significado e importância destes dados poderá levar a pretender que as instituições de formação superior e de investigação se constituam em centros de poder social e político, mesmo faltando aos seus interpretes a legitimidade que resulta dos processos democráticos de escolha pública alargada. Obviamente, da sua relevância estratégica, algum poder lhes resulta mas, atentos à missão da Universidade e das instituições de investigação, cumprir-lhes-á, sobretudo, ser agentes de formação, de inovação (tecnológica e organizacional) e de mudança social, ser facilitadores da comunicação entre diferentes instâncias de poder económico e deste com os poderes políticos, e ser espaços de diálogo e agitadores de novos desafios sociais.
4. Quando se consideram as propostas avançadas pelo actual reitor da UMinho, no início do seu primeiro mandato, de um designado “Pacto de Desenvolvimento Regional” ou, mais recentemente (eventualmente, ensaiando o lançamento de uma nova bandeira eleitoral), de uma candidatura do Minho a “Capital Europeia da Cultura”, é em grande medida desse mal-entendido que se trata, para além de denunciar alguma insuficiência de informação. Lamentavelmente, este laborar no erro não só inviabiliza ideias que, em si, poderiam ser portadoras (refiro-me à do pacto regional, que não à da “região” capital europeia da cultura) como tira espaço à Instituição no seu diálogo com os demais actores sociais. Se, entretanto, nem tudo foi perdido, é porque a UMinho vai muito para além da sede de protagonismo e estreiteza de leituras do actual titular.
5. Da minha exposição ao mundo empresarial e político, como técnico e como académico, sou, porventura, dos que está melhor posicionado para perceber o universo de inibições, barreiras e complexos que têm toldado a comunicação e a efectividade da parceria para o desenvolvimento entre a Universidade do Minho e os principais actores da Região. Não tenho dúvidas que há responsabilidades divididas da UMinho, dos empresários e dos políticos da sua região envolvente no insuficiente partido que o território tem tirado da Instituição. Se, pese isso embora, não se consegue pensar a presente realidade do Minho (sobretudo, do Baixo Minho) sem o contributo da sua Universidade, imagine-se o que se poderia ter alcançado e, especialmente, o que se poderá conseguir tirando pleno partido das capacidade e competências científica e técnica instaladas.
Seguro que estou desse potencial, não estou menos certo que as instituições carecem de lideranças esclarecidas. A sua ausência ou o insuficiente exercício desse papel nas organizações, quando não as levam à morte, debilitam-nas. É também por isso que a mudança na UMinho urge mais do que nunca.
J. Cadima Ribeiro
2. Instituições como as Universidades são vectores marcantes do campo de forças a que se alude antes. A sua importância estratégica será tanto maior quanto a instituição universitária tenda a ser vista pelas empresas e populações do seu entorno como um agente de primeira ordem da parceria mobilizável para o desenvolvimento. Um parceiro tanto mais estratégico quanto as rupturas tecnológicas e organizacionais entretanto acontecidas vêm sublinhando a importância das componente criação e partilha de conhecimentos inerentes a qualquer projecto de transformação territorial. Quer-se com isto dizer que o conhecimento e a acção associada ao domínio do saber tecnológico e organizacional, do saber e do saber-fazer, se sugerem hoje como nunca antes os elementos portadores da diferença entre ganhadores e perdedores da batalha do progresso social.
3. Uma percepção errónea do significado e importância destes dados poderá levar a pretender que as instituições de formação superior e de investigação se constituam em centros de poder social e político, mesmo faltando aos seus interpretes a legitimidade que resulta dos processos democráticos de escolha pública alargada. Obviamente, da sua relevância estratégica, algum poder lhes resulta mas, atentos à missão da Universidade e das instituições de investigação, cumprir-lhes-á, sobretudo, ser agentes de formação, de inovação (tecnológica e organizacional) e de mudança social, ser facilitadores da comunicação entre diferentes instâncias de poder económico e deste com os poderes políticos, e ser espaços de diálogo e agitadores de novos desafios sociais.
4. Quando se consideram as propostas avançadas pelo actual reitor da UMinho, no início do seu primeiro mandato, de um designado “Pacto de Desenvolvimento Regional” ou, mais recentemente (eventualmente, ensaiando o lançamento de uma nova bandeira eleitoral), de uma candidatura do Minho a “Capital Europeia da Cultura”, é em grande medida desse mal-entendido que se trata, para além de denunciar alguma insuficiência de informação. Lamentavelmente, este laborar no erro não só inviabiliza ideias que, em si, poderiam ser portadoras (refiro-me à do pacto regional, que não à da “região” capital europeia da cultura) como tira espaço à Instituição no seu diálogo com os demais actores sociais. Se, entretanto, nem tudo foi perdido, é porque a UMinho vai muito para além da sede de protagonismo e estreiteza de leituras do actual titular.
5. Da minha exposição ao mundo empresarial e político, como técnico e como académico, sou, porventura, dos que está melhor posicionado para perceber o universo de inibições, barreiras e complexos que têm toldado a comunicação e a efectividade da parceria para o desenvolvimento entre a Universidade do Minho e os principais actores da Região. Não tenho dúvidas que há responsabilidades divididas da UMinho, dos empresários e dos políticos da sua região envolvente no insuficiente partido que o território tem tirado da Instituição. Se, pese isso embora, não se consegue pensar a presente realidade do Minho (sobretudo, do Baixo Minho) sem o contributo da sua Universidade, imagine-se o que se poderia ter alcançado e, especialmente, o que se poderá conseguir tirando pleno partido das capacidade e competências científica e técnica instaladas.
Seguro que estou desse potencial, não estou menos certo que as instituições carecem de lideranças esclarecidas. A sua ausência ou o insuficiente exercício desse papel nas organizações, quando não as levam à morte, debilitam-nas. É também por isso que a mudança na UMinho urge mais do que nunca.
J. Cadima Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário