“Ladeando o novo edifício com finalidades pedagógicas que integra o Campus Universitário de Gualtar, postado de frente para a estrada nacional existe um monumental «placard» em betão que, à presente data, não contém qualquer inscrição. Especulando sobre a informação que no futuro ornamentará aquele espaço, um amigo meu, fazendo uso do humor que lhe é característico, sugeriu-me que provavelmente virá a constar: «Machado dos Santos – compra e venda de imóveis».
Nesta frase pretende o meu amigo condensar duas ideias que têm uma inquestionável pertinência em Braga: primeiro, a relevância incontornável que o sector da construção tem na nossa cidade (há quem fale da cidade dos empreiteiros); e, em segundo lugar, o não menos relevante papel da Universidade do Minho no desenvolvimento da urbe, com marca também no sector da construção imobiliária. Não estarei muito longe da verdade se disser que a Universidade se terá situado entre os três primeiros «promotores imobiliários» de Braga nos últimos 10 anos.
A importância da Universidade do Minho para o crescimento e evolução da cidade não se ficou obviamente por aí; e nem terá sido esse o seu maior contributo. Mau fora que tivesse sido.
Há, todavia, uma faceta desse crescimento do património imobiliário da U. M. que colhe na vertente mais criticável do crescimento da cidade, que é a aparência de «bairro social» que enforma o projecto do Campus de Gualtar.
É essa analogia implícita que dá substância ao comentário a que me reportei. Curiosamente, acaba por afigurar-se injusta, já que o edifício ultimamente surgido rompe claramente com o mau gosto que evidenciam as construções circundantes. Acrescente-se que não se trata apenas da estética dos edifícios. A questão é bem mais profunda e informa toda a estruturação do espaço (senão a própria orgânica institucional).
Não se vá, por isso, ver no reitor a origem de todos os pecados. Afinal, o maior pecado é não questionar; ou, melhor dizendo, não ousar. Fica, em razão disso, aqui, publicamente, a minha censura ao meu amigo, que brinca com coisas tão sérias.”
Nesta frase pretende o meu amigo condensar duas ideias que têm uma inquestionável pertinência em Braga: primeiro, a relevância incontornável que o sector da construção tem na nossa cidade (há quem fale da cidade dos empreiteiros); e, em segundo lugar, o não menos relevante papel da Universidade do Minho no desenvolvimento da urbe, com marca também no sector da construção imobiliária. Não estarei muito longe da verdade se disser que a Universidade se terá situado entre os três primeiros «promotores imobiliários» de Braga nos últimos 10 anos.
A importância da Universidade do Minho para o crescimento e evolução da cidade não se ficou obviamente por aí; e nem terá sido esse o seu maior contributo. Mau fora que tivesse sido.
Há, todavia, uma faceta desse crescimento do património imobiliário da U. M. que colhe na vertente mais criticável do crescimento da cidade, que é a aparência de «bairro social» que enforma o projecto do Campus de Gualtar.
É essa analogia implícita que dá substância ao comentário a que me reportei. Curiosamente, acaba por afigurar-se injusta, já que o edifício ultimamente surgido rompe claramente com o mau gosto que evidenciam as construções circundantes. Acrescente-se que não se trata apenas da estética dos edifícios. A questão é bem mais profunda e informa toda a estruturação do espaço (senão a própria orgânica institucional).
Não se vá, por isso, ver no reitor a origem de todos os pecados. Afinal, o maior pecado é não questionar; ou, melhor dizendo, não ousar. Fica, em razão disso, aqui, publicamente, a minha censura ao meu amigo, que brinca com coisas tão sérias.”
J. C.
(in Notícias do Minho, 1994/11/19)
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