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segunda-feira, julho 10, 2006

Instituto Ibérico de Investigação em Braga?

Em artigo com a assinatura de Francisco de Assis/Lusa e intitulado “Instituto Ibérico de Investigação vai ter sede em Braga”, podia ler-se no Diário do Minho de 20 de Novembro de 2005 o seguinte:

“A cidade de Braga foi honrada na XXI Cimeira Luso Espanhola, que decorreu em Évora, ao ser escolhida para acolher a sede do Instituto Ibérico de Investigação. Trata-se de um centro científico que vai permitir uma maior mobilidade e cooperação entre investigadores de Portugal e Espanha.
Os primeiros-ministros de Portugal, José Sócrates, e de Espanha, José Luís Zapatero, consideraram que esta cimeira representou um «salto qualitativo» na relação entre os dois países, «sendo a ciência a nova estrela da cooperação». O concelho e a região de Braga certamente vão recordar este encontro com satisfação por esta decisão, uma vez que ela representa um reconhecimento das potencialidades da região e das actuais infra-estruturas de ensino sedeadas no Minho. O reitor da Universidade do Minho, António Guimarães Rodrigues, manifestou o seu agrado, considerando que «o Centro de Investigação virá alavancar diversos clusters que se pretendem ver instalados e reforçados na região. É, portanto, de grande relevância para a região».
Guimarães Rodrigues disse ainda que as informações sobre o Centro e a sua configuração irão ainda ser detalhadas. Mas tem já conhecimento da importância do instituto, uma vez que lhe foi comunicado pessoalmente pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago. Uma informação recebida com «satisfação», considerando a sua importância para a Universidade. Guimarães Rodrigues recordou que a UM tem como sua prioridade estratégica a criação de uma Região do Conhecimento no Minho. A sua acção, em parceria com os demais agentes de desenvolvimento, tem sido desenvolvida no sentido de criar na Região do Minho as condições para o desenvolvimento sustentado. «O Pacto de Desenvolvimento Regional assinado em 2003 tem essa expressão, e os diferentes agentes envolvidos têm vindo a construir a malha que permite a sua implementação».
[…]
Sobre o futuro Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento, o ministro português da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, afirmou no final da conferência de imprensa dos dois chefes do Governo que o instituto de Braga será presidido pelo espanhol José Ribas, docente na Universidade de Santiago de Compostela.
De acordo com Mariano Gago, o instituto vai acolher cerca de 200 investigadores portugueses e espanhóis, mas também está aberto a especialistas de outros países e que entrará em funcionamento até 2007, com um investimento público português e espanhol, anual que rondará os 30 milhões de euros. Para o primeiro-ministro português José Sócrates, «esta cimeira esteve à altura destes tempos de exigência, de responsabilidade e de ambição», realçando os 12 acordos de cooperação assinados na área da ciência e tecnologia.
Por sua vez, o chefe do Governo de Madrid, disse na conferência de imprensa que encerrou a cimeira de Évora, a propósito da cooperação ibérica na área da ciência, que «Portugal e Espanha estão a viver um momento de excelência» nas suas relações bilaterais […]. «Para além das tradicionais áreas de cooperação da segurança e das relações económicas, alargámos agora o campo de actuação conjunta ao emprego, ao ambiente e à ciência, que foi a estrela desta cimeira», sustentou Zapatero.”

Depois de um longo período de silêncio, este assunto voltou a ser mencionado na comunicação social nos últimos dias (cf. artigo de La Voz de Galicia, de 06/07/04, inserto abaixo - El AVE Vigo-Oporto estará en funcionamiento el 2013), se bem que com saliência menor.
Dado o tempo entretanto decorrido e as datas anunciadas para o arranque do Instituto, não seria de esperar que se soubesse já algo mais sobre a configuração do projecto, a sua instalação física, a estrutura humana encarregue da sua implementação, entre outros aspectos? Significará este vazio de notícias e de acções que, afinal, se tratou apenas de mais uma acção de propaganda dos governos? E que dizer da irrelevância política que parece ter tido e continuar a ter a UMinho (leia-se: a sua reitoria) na configuração e eventual materialização deste projecto? Deverá essa realidade ser entendida como uma simples desatenção dos agentes políticos ou significará muito mais que isso?
Seria muito interessante ver estes aspectos esclarecidos, a breve prazo. Ao fim e ao cabo, estão em causa as enunciadas apostas do governo na Ciência e Tecnologia e no desenvolvimento da nossa região. Obviamente que, na falta de resposta, o tempo e os factos se encarregarão de fazer plena luz sobre a matéria.

J. Cadima Ribeiro

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