Fórum de Discussão: o retorno a uma utopia realizável - a Universidade do Minho como projecto aberto, participado, ao serviço do engrandecimento dos seus agentes e do desenvolvimento da sua região

quinta-feira, novembro 23, 2006

Há "fascimos sociais" que subsistem

«Há mentalidades anacrónicas e comportamentos anti-democráticos por todo o lado. Não só os défices de democracia e cidadania são preocupantes como em muitas dimensões da vida social se assiste ao recrudescer de práticas de cariz autoritário, controleirista ou caciquista. Vivemos em democracia e há liberdade formal, mas há “fascismos sociais” que subsistem na sociedade e até no seio das próprias instituições. A tradicional vocação tutelar, a doentia procura de “protecção”, a mentalidade da resignação e do conformismo devem-se, em larga medida, ao peso ancestral de uma moral católica altamente conservadora e à vivência de um largo período de estatismo autoritário (o salazarismo). A atitude submissa, quando combinada com a inveja, a ânsia de mando e de poder, dão lugar a relações promíscuas e a múltiplas dependências pessoais.
Esta realidade reflecte uma sociedade ainda amarrada a um conjunto de peias e de medos que, a meu ver, nos impede de alcançar padrões de desenvolvimento e formas democráticas de intervenção cívica nos quais há poucos anos atrás muitos de nós acreditámos (e continuamos a acreditar, apesar de tudo). Porque é que proliferam tantas atitudes bajuladoras do “chefe”, do “tutor”, do “orientador”, do “patrão”, etc? Porque na maioria dos contextos organizacionais se isso não acontecer o mais provável é que nos caiam em cima as mais diversas formas de retaliação, das mais perversas e subtis às mais arrogantes. Enquanto a cultura do mérito permanece incipiente, a cultura da mediocridade torna-se mais forte. Há uma pressão para os “alinhamentos” incondicionais com este ou com aquele, e se as expectativas de quem está na posição de poder não se confirmam é comum que a reacção autoritária se faça sentir sobre “elo mais fraco”.»


Elísio Estanque

(extracto de mensagem, intitulada "As teias do medo e a ausência do sujeito", inserida pelo autor no seu blogue - BoaSociedade - em 06/11/22)

Comentário: porque será que as palavras que se reproduzem acima me parecem um retrato a cores autênticas da minha Escola e da minha Universidade? Será que é porque sim, pura e simplesmente?

1 comentário:

Anónimo disse...

Apropriado. A expressão "cultura da mediocridade" diz tudo...