Exmo. Senhor Reitor,
Somos um grupo de docentes preocupados com o desempenho académico dos alunos da nossa academia e com o nosso próprio desempenho enquanto docentes e investigadores. É por considerarmos a praxe, nesta altura do ano lectivo, como um abuso de privilégio e boa-vontade, que perturba o funcionamento do ano lectivo, que nos dirigimos a V.ª Ex.ª.
Antes de elaborarmos sobre o motivo pelo qual pensamos que a praxe está a prejudicar o desempenho de todos os membros da academia, manifestamos o nosso apreço e respeito pela manutenção das tradições académicas, e reconhecemos à praxe o mérito de ajudar à integração dos alunos num ambiente em que espaço e colegas lhes são estranhos. A praxe faz parte da identidade académica, é esperada com entusiasmo pelos praxantes e sofrida com algum regozijo pelos praxados. Apesar de alguns exageros ocasionais, pensamos que a praxe é uma tradição das instituições do ensino superior em geral, e da nossa academia em particular, que deve ser acarinhada e respeitada pela comunidade académica.
E é pelo respeito à tradição e caráter de integração da praxe que, na semana de recepção ao caloiro, somos complacentes com ausências nas aulas de praxantes e praxados, e somos coniventes com atitudes ditatoriais e insultuosas à dignidade dos mais recentes membros do corpo de alunos. À luz do respeito pela tradição, tudo isso aceitamos.
Todavia, não podemos mais ser coniventes com o facto de a praxe não se circunscrever ao período de boas-vindas e se estender pelo ano académico. Assistimos todos os dias, das oito da manhã às altas horas da noite, a cortejos de alunos que, entre berros e manifestações de boa forma física (corridas, flexões, abdominais...), impedem o trabalho e concentração de quem se encontra no campus. Poderá verificar que têm sido vários os pedidos aos seguranças para que afastem a praxe dos edifícios das escolas e complexos pedagógicos. Naturalmente isto transfere o ónus da perturbação para outros colegas que se encontrem na zona do campus para a qual a praxe é movida.
Consideramos que a praxe a meio do ano lectivo é um abuso particularmente contraproducente à luz do Acordo de Bolonha. Num cenário em que o método de avaliação foi revisto para melhorar as competências dos alunos, tornam-se mutuamente exclusivos a intromissão das actividades de praxe no tempo disponível dos alunos (i.e., fora de aulas) e o bom desempenho académico: não é possível a caloiros e praxantes acompanharem a matéria das aulas, realizar trabalhos de casa e testes e, simultaneamente, terem a sua atenção constantemente dispersa em actividades de praxe. O esforço que lhes é exigido não é compatível com o serem praxados constantemente, por vezes por períodos de 24 horas ininterruptas.
Em simultâneo, as actividades de praxe que se realizam no campus são um atentado à concentração dos que tentam trabalhar, desde o fazer pesquisa à própria actividade lectiva. É virtualmente impossível aprender e ensinar quando a escassos metros o barulho é ensurdecedor.
Manifestado pois o nosso respeito pela tradição que é a praxe, e tendo reconhecido o seu carácter de integração no meio académico, vimos pedir-lhe que circunscreva temporalmente a duração da praxe ao período de boas-vindas dos novos alunos, para que não entre em conflito com o objectivo de excelência da instituição. Os alunos vêm para a universidade para aprender primeiro, vindo a praxe em segundo lugar. Não o inverso.
Pensamos que os benefícios da praxe foram há muito esgotados, e que as actividades correntes não são mais do que um atentado ao bom desempenho académico dos novos e antigos alunos, e ao nosso desempenho enquanto professores e investigadores.
Pedimos-lhe que intervenha em defesa dos interesses dos alunos, que proteja o seu direito a um ensino competente e a uma aprendizagem calma e eficiente. Por favor limite a praxe à semana de recepção ao caloiro e termine com os excessos que só prejudicam os membros da academia.
Somos um grupo de docentes preocupados com o desempenho académico dos alunos da nossa academia e com o nosso próprio desempenho enquanto docentes e investigadores. É por considerarmos a praxe, nesta altura do ano lectivo, como um abuso de privilégio e boa-vontade, que perturba o funcionamento do ano lectivo, que nos dirigimos a V.ª Ex.ª.
Antes de elaborarmos sobre o motivo pelo qual pensamos que a praxe está a prejudicar o desempenho de todos os membros da academia, manifestamos o nosso apreço e respeito pela manutenção das tradições académicas, e reconhecemos à praxe o mérito de ajudar à integração dos alunos num ambiente em que espaço e colegas lhes são estranhos. A praxe faz parte da identidade académica, é esperada com entusiasmo pelos praxantes e sofrida com algum regozijo pelos praxados. Apesar de alguns exageros ocasionais, pensamos que a praxe é uma tradição das instituições do ensino superior em geral, e da nossa academia em particular, que deve ser acarinhada e respeitada pela comunidade académica.
E é pelo respeito à tradição e caráter de integração da praxe que, na semana de recepção ao caloiro, somos complacentes com ausências nas aulas de praxantes e praxados, e somos coniventes com atitudes ditatoriais e insultuosas à dignidade dos mais recentes membros do corpo de alunos. À luz do respeito pela tradição, tudo isso aceitamos.
Todavia, não podemos mais ser coniventes com o facto de a praxe não se circunscrever ao período de boas-vindas e se estender pelo ano académico. Assistimos todos os dias, das oito da manhã às altas horas da noite, a cortejos de alunos que, entre berros e manifestações de boa forma física (corridas, flexões, abdominais...), impedem o trabalho e concentração de quem se encontra no campus. Poderá verificar que têm sido vários os pedidos aos seguranças para que afastem a praxe dos edifícios das escolas e complexos pedagógicos. Naturalmente isto transfere o ónus da perturbação para outros colegas que se encontrem na zona do campus para a qual a praxe é movida.
Consideramos que a praxe a meio do ano lectivo é um abuso particularmente contraproducente à luz do Acordo de Bolonha. Num cenário em que o método de avaliação foi revisto para melhorar as competências dos alunos, tornam-se mutuamente exclusivos a intromissão das actividades de praxe no tempo disponível dos alunos (i.e., fora de aulas) e o bom desempenho académico: não é possível a caloiros e praxantes acompanharem a matéria das aulas, realizar trabalhos de casa e testes e, simultaneamente, terem a sua atenção constantemente dispersa em actividades de praxe. O esforço que lhes é exigido não é compatível com o serem praxados constantemente, por vezes por períodos de 24 horas ininterruptas.
Em simultâneo, as actividades de praxe que se realizam no campus são um atentado à concentração dos que tentam trabalhar, desde o fazer pesquisa à própria actividade lectiva. É virtualmente impossível aprender e ensinar quando a escassos metros o barulho é ensurdecedor.
Manifestado pois o nosso respeito pela tradição que é a praxe, e tendo reconhecido o seu carácter de integração no meio académico, vimos pedir-lhe que circunscreva temporalmente a duração da praxe ao período de boas-vindas dos novos alunos, para que não entre em conflito com o objectivo de excelência da instituição. Os alunos vêm para a universidade para aprender primeiro, vindo a praxe em segundo lugar. Não o inverso.
Pensamos que os benefícios da praxe foram há muito esgotados, e que as actividades correntes não são mais do que um atentado ao bom desempenho académico dos novos e antigos alunos, e ao nosso desempenho enquanto professores e investigadores.
Pedimos-lhe que intervenha em defesa dos interesses dos alunos, que proteja o seu direito a um ensino competente e a uma aprendizagem calma e eficiente. Por favor limite a praxe à semana de recepção ao caloiro e termine com os excessos que só prejudicam os membros da academia.
Braga, 21 de Novembro de 2006
Joana Girante
(1ª subscritora)
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