Fórum de Discussão: o retorno a uma utopia realizável - a Universidade do Minho como projecto aberto, participado, ao serviço do engrandecimento dos seus agentes e do desenvolvimento da sua região

segunda-feira, outubro 08, 2007

Manifestando-me

Considera a criação, ditada pela Lei nº 62/2007, de Conselhos Gerais, constituídos em um terço por personalidades externas às instituições, um empobrecimento da capacidade de decisão e afirmação das Universidades?
Eu responderia: não, necessariamente! Pelo contrário, se essa for uma forma de institucionalizar uma inter-acção mais fluida e profícua com o território e de abrir espaço para uma gestão de índole mais estratégica, isso será antes uma mais-valia. O aprofundamento da relação das Universidades com o meio envolvente, mais próximo ou mais distante, não tem que ser percebido como fazendo-se em detrimento da participação das comunidades universitárias na vida das instituições e da respectiva mobilização em torno dos grandes objectivos prosseguidos pelas Universidades. Claro está que os protagonistas fazem toda a diferença. Fizeram-na no passado, e fá-la-ão no futuro.
Repito a pergunta: considera a criação do Conselho Geral, constituído em um terço por personalidades externas à instituição, um empobrecimento da capacidade de decisão e afirmação da sua Universidade?

J. Cadima Ribeiro

9 comentários:

Anónimo disse...

De boas intenções esta o....tuga cheio. Infelizmente vai ser mais um passeio de vaidades e negócio para ex(s)-qualquer coisa; e não só...Senão vejamos a amostra que temos no CE da UM. Entre os ex(s) existem os in(s) com negócios chorudos tipo siemens e vodafone,,,enfim....Já agora, quero o meu SMS tão prometido...

Pacheco-Torgal disse...

Empobrecimento?
Não. Considero exactamente o contrário. Aliás essa questão nem se devia colocar, já que sendo as Universidades pagas pelos contribuintes, são esses contribuintes que decidem mandatando o Governo da República para agir no sentido de devolver as Universidades á comunidade, por forma a corrigir um desvio histórico consubstanciado na famosa autonomia. Como se costuma dizer, "quem paga manda", quem não gostar está sempre a tempo de mudar para uma Universidade privada, seja em Portugal, seja noutro país qualquer.

Alexandre Sousa disse...

Depende…
O conselho geral vai servir-me para quê? Pensará o estratega que quer governar a universidade.
Se o candidato tiver know-how destas coisas, não ficará assustado e procurará na lista de contactos do seu telemóvel os «soldados» que estão sempre prontos para o combate.
Se for homem ou mulher do antigamente, ficará temeroso, receoso de novas regras que não domina, será obstipadamente contra o modo novo de governar, apenas porque não saberá governar assim, com gente que dirá a toda hora: -Oh! senhor reitor, isto não se faz assim.
Depende…
Depende dos homens e mulheres que não têm medo de trabalhar para o bem do que deve ser um colectivo de pessoas que só estão interessadas na progressão da instituição por caminhos do pão e do saber. Isto é que eu sei ser demagogo…

Pacheco-Torgal disse...

Pior que a existência de um Conselho Geral por pior que seja, é deixarmos tudo como estava, a Universidade entregue a si mesma. Vai haver muitos problemas com o Conselho Geral, claro que sim. Mas como se costuma dizer, se formos num carro em andamento e quisermos mudar uma roda também vamos ter muitos problemas. A alternativa de pararmos o carro, para com todas comodidades pudermos mudar o pneu á vontade e ainda aproveitarmos para descansar mais um bocadinho, não é uma verdadeira alternativa, é apenas a receita do costume. Já se sabe aliás o que a casa gasta, só depois de publicada a lei, é que de repente, acordou toda a gente, como se isto fosse tudo uma grande novidade.
E contudo parece-me irrelevante saber quais vão ser as consequências do tal conselho, o tempo agora é de agir, e infelizmente as Universidades nunca gostaram muito de conjugar este verbo. O que as Universidades gostam mesmo é de retórica e de pouca mudança se puder ser.
E que tal começarmos a colocar uns anúncios na imprensa estrangeira para contratarmos elementos para os Conselhos Gerais, sempre era capaz de dar mais resultado do que a prata da casa. E já agora não era também má ideia escolher o Reitor em concurso internacional.

J. Cadima Ribeiro disse...

Caro colega,
agradeço e saúdo os seus comentários. Pena é que o debate, mesmo tardío, vá tão pobre.
Já agora, não quer dar mais uma achega sobre a forma de um texto mais trabalhado? Teria todo o gosto em publicitá-lo.
Cordiais cumprimentos,

J. Cadima Ribeiro disse...

PS: o convite endereçado ao Fernando é extensivo a todos quantos subscrevam a opinião de que o bebate vai pobre e queiram dar-lhe um bocadinho mais de riqueza e cor.
O meu endereço de correio electrónico aqui fica ao vosso dispor: jcadima@eeg.uminho.pt ou jcadima@bragatel.pt

Virgílio A. P. Machado disse...

Um Conselho Geral com a constituição prevista no rjies e em organizações que se vão subordinar ao rjies, não vai fazer um iota de diferença na (in)capacidade de decisão e afirmação de qualquer universidade portuguesa. Raro vai ser o caso, se algum, em que as personalidades externas à universidade vão ser independentemente afluentes para se poderem manifestar livremente. A presença minoritária reforça a sua irrelevância, em qualquer caso. As situações previsíveis são: faltas de comparência em número muito superior às presenças; abstenções por não se sentirem suficientemente esclarecidos; aprovações tácitas para não desagradar e/ou causar mal-estar; protagonismo de propostas previamente negociadas e de aprovação garantida; dissidências mais ou menos firmes cilindradas pela maioria ou das quais se aproveita o que interessa e se faz de conta que não se passou mais nada. Infelizmente, as personalidades que se prestarem a fazer parte e se mantiverem nos Conselhos Gerais vão ser USADAS para darem uma fachada de credibilidade a uma gestão catastrófica da Universidade Portuguesa. É esse o triste papel que lhes está reservado.

Pacheco-Torgal disse...

Bem gostaria de aceitar um tal convite, contudo e como diz o mui nobre povo que habita este jardim á beira mar plantado, ditosa e excelsa pátria lusitana, "não vá o sapateiro além da tamanca".
Bem se vê, nestas coisas, há sempre o entendimento individual do contribuinte pagante, a quem não interessa a riqueza do debate, outrossim "the best value for the money". Já quanto a ideias mais esclarecidas sobre o Conselho Geral entendo como pertinentes as produzidas pelo Professor José Ferreira Gomes em: http://jvcosta.planetaclix.pt/artigos/jfg12.html

não tanto pela susbtância em si, mas muito pela retrospectiva histórica, já que é sempre muito avisado percebermos, que é o passado que determina o presente e foram as más experiências do passado que geraram o presente que agora debatemos.

Anónimo disse...

«Considera a criação do Conselho Geral, constituído em um terço por personalidades externas à instituição, um empobrecimento da capacidade de decisão e afirmação da sua Universidade?»

Sim.

Antes de poder responder a essa pergunta há que responder a outras.

O que move as empresas? O lucro.

O que esperam as empresas das universidades? Que formem capital humano. Não qualquer capital humano, mas sim capital humano que sirva os seus interesses.

Faz parte do interesse de uma empresa que, à excepção dos seus funcionários com funções intermédias e de topo, os funcionários tenham conhecimentos extensos, espírito crítico, sejam capazes de criar, inovar, etc.? Depende das pessoas responsáveis pela administração da empresa. É necessário que haja uma abertura dessas pessoas à inovação e que reconheçam os efeitos positivos destas qualidades. E nem sempre isso acontece.

Era necessário por a «faca e o queijo na mão» dos emrpesários relativamente às universidades, para que houvesse cooperação entre universidades e mercado de trabalho? Considero que não. E mais considero que emsmo que empresários não tivessem posições nos conselhos gerais das universidades, haveria a possibilidade dessa cooperação.

Em suma, considero-a uma medida radical e desnecessária. Sendo as universidades institutos públicos pertencentes à Administração Pública, haveria alternativas. Alternativas que salvaguardariam melhor o interesse comum.

Ao contrário do que o «zé povinho» imagina, as boas Universidades portuguesas (que as há) não pararam no tempo. Tem havido evolução, não ao ritmo que o comum português gostaria, mas ainda assim mais rápido do que noutras épocas.