Em tempo de parábolas, nos últimos dias os jornais têm trazido abundantes notícias sobre acordos que se estabelecem entre universidades lisboetas para a implementação de MBAs conjuntos, sob a égide ou não do MIT, de deslealdades entre parceiros de supostos projectos comuns, futuros, e de iniciativas tomadas “a norte” para criar um projecto de alcance internacional concorrente.
Vou acompanhando o folhetim com alguma curiosidade sobre os episódios que se seguem, mas sem grande expectativa de ser surpreendido, tanto mais que vou conhecendo razoavelmente o meio e a maioria dos protagonistas. Aliás, por circunstâncias de enquadramentos institucionais passados, estive envolvido pessoalmente em diálogos mantidos “a norte”, vai para cinco anos, que visavam, basicamente, a mesma coisa, sendo os protagonistas em larga medida coincidentes, se tirarmos este vosso humilde servo.
É pois com algum conhecimento de causa que vos digo que não acredito que a agitação presente vá conduzir a muito mais que um rol de acusações recíprocas de falta de vontade das partes de concretizar o projecto e de ânsia de protagonismos, aparte a componente académica, que é aquela que menos importa nas iniciativas que estão em curso.
Para ser mais claro, sublinhe-se que:
i) Belmiro de Azevedo teve já um papel fundamental no desenrolar das coisas há 5 anos, amparando um dos projectos, embora fosse claro como água limpa que a unidade visada era inviável de se fazer em torno desse projecto, que tinha tido uma génese unilateral e consubstanciava a típica visão hegemónica do Porto sobre todo o território “a norte”;
ii) Ludgero Marques também era já outro dos protagonistas, secundado por Joaquim Azevedo, na altura o encarregada de missão da AIPortuense (vulgo, Associação Empresarial de Portugal);
iii) A FEP tinha também os mesmos dirigentes e mantinha-se ou era mantida pela reitoria do Porto olimpicamente fora do processo (embora se mostrasse desconfortável com a existência da EGP, por razões de solidariedade institucional formal estava impossibilitada de participar nos diálogos promovidos pela AIPortuense); e
iv) Na fase decisiva do processo, emergiu como reitor da UMinho o actual titular que, não percebendo nem a génese do processo nem a lógica dos actores no terreno, chamou a si o dossiê e, com isso, deu-lhe machadada decisiva.
Há outras pequenas histórias pelo meio que ditaram o desenlace do processo. Não sendo questão das lembrar nesta hora (ficarão optimamente num livro de memórias), há todavia uma que não resisto a contar, pelo que de caricato e ilustrativo mantém. É o caso de um reitor que, não se identificando com o processo, se manteve indisponível múltiplas semanas (por alegadas dificuldades de agenda) para receber o principal promotor institucional do projecto.
Quais são as grandes diferenças daquele para o presente momento?
A primeira diferença é que passaram mais de 5 anos, isto é, contam-se por mais de 5 anos o tempo perdido. A segunda exprime-se no facto de termos na tutela do sector um homem que é fan de tudo o que é internacional e, particularmente, do MIT (e suponho que também do Técnico) e faz absoluta questão de contribuir para o financiamento daquela universidade americana. A terceira está na circunstância de Joaquim Azevedo estar na Católica do Porto (se bem que me escape se está ou não também na AEP), embora isso possa ser mais ou menos irrelevante. A quarta reside na mudança operada na Universidade de Aveiro, que passou a ter uma reitora. A quinta e maior diferença residirá no facto de estarmos todos mais velhos e, admito, menos crédulos sobre a bondade com que certos actores se movimentam nestes terrenos. Desse ponto de vista, o que se vai passando por Lisboa em matéria de pequenas traições e de mesquinhez de objectivos parece-me elucidativo.
E deu Deus as nozes a quem não tinha dentes…
J. Cadima Ribeiro
Vou acompanhando o folhetim com alguma curiosidade sobre os episódios que se seguem, mas sem grande expectativa de ser surpreendido, tanto mais que vou conhecendo razoavelmente o meio e a maioria dos protagonistas. Aliás, por circunstâncias de enquadramentos institucionais passados, estive envolvido pessoalmente em diálogos mantidos “a norte”, vai para cinco anos, que visavam, basicamente, a mesma coisa, sendo os protagonistas em larga medida coincidentes, se tirarmos este vosso humilde servo.
É pois com algum conhecimento de causa que vos digo que não acredito que a agitação presente vá conduzir a muito mais que um rol de acusações recíprocas de falta de vontade das partes de concretizar o projecto e de ânsia de protagonismos, aparte a componente académica, que é aquela que menos importa nas iniciativas que estão em curso.
Para ser mais claro, sublinhe-se que:
i) Belmiro de Azevedo teve já um papel fundamental no desenrolar das coisas há 5 anos, amparando um dos projectos, embora fosse claro como água limpa que a unidade visada era inviável de se fazer em torno desse projecto, que tinha tido uma génese unilateral e consubstanciava a típica visão hegemónica do Porto sobre todo o território “a norte”;
ii) Ludgero Marques também era já outro dos protagonistas, secundado por Joaquim Azevedo, na altura o encarregada de missão da AIPortuense (vulgo, Associação Empresarial de Portugal);
iii) A FEP tinha também os mesmos dirigentes e mantinha-se ou era mantida pela reitoria do Porto olimpicamente fora do processo (embora se mostrasse desconfortável com a existência da EGP, por razões de solidariedade institucional formal estava impossibilitada de participar nos diálogos promovidos pela AIPortuense); e
iv) Na fase decisiva do processo, emergiu como reitor da UMinho o actual titular que, não percebendo nem a génese do processo nem a lógica dos actores no terreno, chamou a si o dossiê e, com isso, deu-lhe machadada decisiva.
Há outras pequenas histórias pelo meio que ditaram o desenlace do processo. Não sendo questão das lembrar nesta hora (ficarão optimamente num livro de memórias), há todavia uma que não resisto a contar, pelo que de caricato e ilustrativo mantém. É o caso de um reitor que, não se identificando com o processo, se manteve indisponível múltiplas semanas (por alegadas dificuldades de agenda) para receber o principal promotor institucional do projecto.
Quais são as grandes diferenças daquele para o presente momento?
A primeira diferença é que passaram mais de 5 anos, isto é, contam-se por mais de 5 anos o tempo perdido. A segunda exprime-se no facto de termos na tutela do sector um homem que é fan de tudo o que é internacional e, particularmente, do MIT (e suponho que também do Técnico) e faz absoluta questão de contribuir para o financiamento daquela universidade americana. A terceira está na circunstância de Joaquim Azevedo estar na Católica do Porto (se bem que me escape se está ou não também na AEP), embora isso possa ser mais ou menos irrelevante. A quarta reside na mudança operada na Universidade de Aveiro, que passou a ter uma reitora. A quinta e maior diferença residirá no facto de estarmos todos mais velhos e, admito, menos crédulos sobre a bondade com que certos actores se movimentam nestes terrenos. Desse ponto de vista, o que se vai passando por Lisboa em matéria de pequenas traições e de mesquinhez de objectivos parece-me elucidativo.
E deu Deus as nozes a quem não tinha dentes…
J. Cadima Ribeiro
2 comentários:
Viva Cadima, madrugou e amanheceu muito inspirado!
Só uma reflexão como esta sua, no dia de hoje, me fazia rir.
Não me identifico, só com duas coisitas:
- Ainda bem que temos uma reitora no pedaço das IES porque, caso contrário, a esta altura dos acontecimentos, andávamos já a inventariar os mortos e os desaparecidos ;)
- Tenho para mim como certa, a hipótese de que quem nos tutela nem sequer sabia muito bem o que eram aquelas coisas Harvard ou o MIT (talvez da ESA, já desconfiasse da probabilidade da sua existência quântica), mas como o que precisava mesmo era de financiar INTERNAMENTE quem precisava de financiar, de repente achou que aquela coisa pouco convencional, que é o MIT, seria um bom elemento para decantação dos não financiáveis. Aqui para nós, não foi mal visto.
Quanto aos MBA, ainda agora o santo não saiu do altar, por isso não se pode falar em procissão e adro.
Fique bem.
Abraço.
Saberá o Prof. Cadima que o representante da EEG no actual processo terá sido, ao que se sabe, um Professor de Administração Pública e que o departamento de Gestão tem sido, como sempre foi, colocado à margem? Sintomático...
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