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quarta-feira, março 21, 2007

O acordo com o MIT revisitado

Embora já algo velhinha (de 27 de Janeiro pp.), não resisto a reproduzir parcialmente uma mensagem que encontrei em http://missaoecarreiraescolaengenharia.blogspot.com/, sobre a temática muito discutida do acordo celebrado pelo MCTES com o MIT.
Aparte uma ilustração do que foi o processo, encontra-se aí uma leitura pessoal das suas implicações. É, de certo modo, uma revisitação do debate gerado na altura da assinatura do acordo.
Segue-se o texto e a identificação do respectivo autor:

«MIT
Tive ocasião de na passada sexta-feira ir assistir a uma conferência em Gualtar promovida pelo acordo MIT-Universidade do Minho, em que participaram investigadores que falaram sobre presumivelmente o que de melhor se faz na Escola de Engenharia e também uma professora/investigadora do MIT.
Sobre a apresentação dos nossos investigadores, nada a dizer. De facto desde a apresentação de Estela Bicho à de Miguel Gama, não sendo um especialista nestas áreas, achei pelo menos interessante. Se estão na vanguarda ou não, não o saberei, mas pelo menos os robôs com capacidades cognitivas parecem-me ser algo de futurista. Já Miguel Gama apresentou algo que já vi noutros sítios e que também me entusiasma, ou seja, a libertação controlada de fármacos.
Nós também no nosso cantinho da investigação em química têxtil já fizemos algum trabalho nessa área para têxteis médicos ou funcionais. Não fomos foi convidados a expôr os nossos trabalhos. Não que isso me preocupe, mas demonstra o que já disse noutra ocasião sobre todo este processo do MIT: foi muito pouco democrático e transparente.
O Presidente da Escola, responsável máximo desta colaboração, quem escolheu para esta colaboração? Os polímeros! Os biomateriais vieram por acréscimo ou por serem uma investigação de grande visibilidade na UM? Se eu fosse responsável também os escolheria porque têm de facto trabalho reconhecido já feito, demonstrado pelas publicações em revistas de reconhecido mérito. Mas olhava também em meu redor e não para o umbigo e via se mais alguma investigação poderia ser de interesse para o acordo com o MIT!
Podem responder que a electrónica estava lá representada nessa conferência (Estela Bicho e Higino) embora tenho a sensação que não fazem parte das áreas escolhidas. Mas haverá só mais a electrónica para além dos escolhidos? Talvez por não ter havido uma auscultação a todos os centros e uma dinamização de todos para este desafio do MIT, na conferência estavam muito poucos docentes de Engenharia. Que conhecesse contei meia dúzia.
Estava cheio de alunos, ávidos de informação e esperançados de conseguir uma bolsa. Sim, porque este tão propalado program, resume-se a isso: bolsas para doutoramenteos e não sei se também pos-docs! Claro que os alunos contemplados são dos cursos e dos centros de investigação ligados essencialmente aos departamentos já mencionados. E os outros alunos? Os de engenharia civil, engenharia têxtil, engenharia mecânica, informática, etc?
E os investigadores dos outros centros? Os do Centro de Ciencia e Tecnologia Têxtil por exemplo? Deste centro já surgiram mais patentes do que de qualquer outro, por exemplo. Sim porque na indústria as publicações não contam! Conta a inovação que tenha aplicação.
É certo que há uma área, a do automóvel, que é de extremo interesse para o País. Mas nesta área já não são só os metais que estão a ser substituídos por compósitos, mas os polímeros(plásticos) também. E compósitos de quê? De fibras! Para além dos compósitos os têxtes técnicos estão em toda a parte do automóvel: os não-tecidos como isolamento, os revestimentos dos tabliers e das portas são tecidos revestidos com poliuretano ou PVC, os estofos são têxteis especiais quando não são de cabedal. E então? Onde estão os investigadores têxteis neste programa?
[...]
Penso dum provincianismo atroz escolher uma Universidade para desenvolver o nosso País, por muito boa que essa Universidade seja. E desta forma, enviando alunos para fazer doutoramentos, então é de rir. Os novos doutores, voltarão para Portugal e vão fazer o quê? Vão fazer pós-docs? Só se for. A indústria não tem capacidade para os absorver. Primeiro era necessário desenvolver a indústria, e isso não se faz com PhDs. A investigação tem de ser junto com a indústria! E isso significa em Portugal, não por e-mail e teleconferências.
É a minha opinião e penso que de grande parte da indústria, seja a chamada indústria tradicional ou as novas indústrias. Quem poderá beneficiar são as indústria que já têm núcleos de I&D importantes, e essas estão lá fora (as poucas nacionais com núcleos de I&D não dão neste momento para as encomendas).
As Universidades nacionais também não recrutarão tão cedo. Para onde vão estes doutores? Ficam lá, nos EUA, é o mais certo. Chama-se a isto fuga de cérebros e estamos a gastar dinheiro dos nossos impostos para dar uma ajudazinha à fuga que já existe.
Somos de facto originais!»

Jaime Rocha Gomes

1 comentário:

Anónimo disse...

Imaginem que existia um mecanismo activo que, periodicamente, anuciava os parágrafos destes acordos (anuncios) que não haviam sido cumpridos?
E se de repente lhe oferecessem repetições e recuperações dos anuncios (acordos)?
Atentos, atentos ao Marketing Político do nosso querido MCTES!!!