No blogue JVC-ApontamEntoS pode ler-se uma mensagem, datada de 9 de Março de 2007 e assinada por António Fidalgo, "Sobre concursos, currículos e critérios", onde, entre outras coisas, se diz:
i) "Hoje há a tendência não só para quantificar elementos de currículo – quantas publicações, quantas orientações de tese – como também para criar normas nesse sentido. Trata-se de dar um cariz administrativo à avaliação.[...]. Este tipo de avaliação administrativa é defendido em nome da isenção, da transparência e também, o que é hoje muito importante, da sua blindagem face às impugnações judiciais dos concursos."
ii) "Um professor que integre um júri de qualquer concurso tem a obrigação de acima de qualquer grelha pré-definida de avaliação se orientar pelo ethos (entendido no sentido de um código deontológico) de professor, pelo qual deverá orientar a sua própria acção profissional. Não serão normas indicativas a comandar a avaliação mas o ideal ou o modelo de professor. Esse modelo é o grande critério."
Entendo que as afirmações que se reproduzem merecem reflexão, assim como as ideias presentes no texto, no seu todo.
A mim, o texto serviu-me para reavivar algumas angústias que me têm assistido sempre que sou confrontado com a situação que se invoca, mas não me trouxe respostas, o que me confortaria muito mais. Aliás, concordo com António Fidalgo que um dos elementos que mais vem inquinando os concursos é o pano de fundo da intervenção judicial nesses processos, eufeudada, como bem sabemos, a formalismos e processos, e rigorosamente nada à substância dos concursos. Por isso, corre-se até o risco de cada concurso se arrastar por eternidades ou se multiplicarem as indisponibilidades de professores para integrarem os júris respectivos, o que já vem estando presente.
Sobre a outra dimensão colocada no texto, recuperando argumentos de um parecer que elaborei, pode-se, por outro lado, dizer que se oferece "relevante manter presente os valores vigentes na comunidade académica alargada e, bem assim, os que vêm sendo usados na avaliação das unidades de investigação, com implicações em matéria de financiamento, pelos organismos que tutelam a Ciência e a Tecnologia.". Isto é, entendo eu que o júri não se pode alhear das regras em que o académico vive mergulhado e que informam muito do seu posicionamento competitivo quotidiano, sob pena do professor ter que, ao mesmo tempo, "agradar a múltiplos senhores", para além daquilo que já faz no dia-a-dia.
A "discussão" pode ser levada muito para além do que agora coloco mas, respeitando as regras destes fóruns, o que deixo dito chega, por agora. Que o assunto merece uma boa discussão, disso não me restam quaisquer dúvidas.
J. Cadima Ribeiro
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