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quinta-feira, dezembro 21, 2006

Serviço Público - das fundações às ânsias de protagonismo público

Futuro do IPCA poderá passar pela manutenção da autonomia
O presidente do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) defendeu ontem, em Barcelos, que a continuação do IPCA como instituição autónoma deve ser uma alternativa a estudar. Na sessão solene do “Dia do IPCA”, João Carvalho considerou que, tendo em conta o último relatório da OCDE sobre a reorganização do ensino superior em Portugal, o IPCA poderá ser «o modelo que actualmente melhor interessa à comunidade».
João Carvalho adiantou contudo que esta possibilidade terá que ser discutida com a comunidade interna do IPCA, a sociedade civil e as forças políticas da região. «O IPCA tem condições para ser um politécnico de excelência», disse.
Durante o próximo mês, o instituto irá criar um conselho consultivo que se encarregará de auscultar a sociedade civil, os políticos da região, os antigos alunos, a associação de estudantes, os professores e os funcionários. «Tomaremos posteriormente uma posição definitiva, conscientes de que será o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a decidir sobre o futuro do IPCA», assegurou.
Este conselho consultivo dará depois origem de um órgão estratégico do qual farão parte representantes de escolas secundárias e profissionais e ainda as autarquias da região. Segundo explicou, este órgão será responsável, entre outras coisas, pela definição da missão e estratégia de desenvolvimento do IPCA e pela aprovação ou extinção de cursos.
Seja qual for o futuro da instituição o presidente do IPCA considera que a Universidade do Minho (UM) deve ser um parceiro privilegiado. Para o presidente, o IPCA deve assumir-se como uma instituição de ensino superior politécnica que prepara os alunos para o saber-fazer, devendo também alargar a sua formação para outras áreas importantes para a região como o ensino pós-secundário, a formação de curta duração, ao longo da vida e à distância.
A par do relatório da OCDE que defende o sistema binário (universitário e politécnico) em instituições diferentes, a posição de João Carvalho é sustentada pela recente posição do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos (CCIP).
Este órgão, reunido segunda- feira, entende que os politécnicos devem ter um papel relevante na expansão das formações de 1.º ciclo, de pós-graduação e na investigação aplicada. Por outro lado, o CCIP considera que deve ser «desencorajada a intervenção das universidades nos domínios de formação politécnica».
João Carvalho notou ainda que a região necessita, não só de ensino universitário, mas também de ensino politécnico onde deve predominar «formação direccionada para o desempenho de uma actividade profissional».

Integração na UM parece agradar

A par da manutenção da autonomia do IPCA enquanto instituição assumidamente politécnica, no discurso de ontem, João Carvalho mencionou mais duas alternativas. A primeira, já discutida em 2002, consiste na integração do IPCA na UM. Neste caso, o presidente do IPCA entende que a instituição deveria ser reconhecida como o terceiro pólo da UM, a par de Gualtar (Braga) e Azurém (Guimarães).
Se assim for, o IPCA será transformado em pólo universitário, oferecendo cursos de cariz politécnico e universitário. Uma possibilidade que parece agradar ao presidente da instituição. «Estou certo que se for esta a decisão do Governo, a integração não é morrer. É viver de outra forma, é reorientar a missão do ensino superior em Barcelos», sustentou.
Em cima da mesa está também a participação do IPCA como unidade autónoma num consórcio ou numa fundação de capitais públicos juntamente com outras instituições de ensino superior. Esta possibilidade permitiria uma maior cooperação institucional, a criação de áreas de excelência de ensino e investigação e um melhor aproveitamento dos recursos financeiros e humanos.

IPCA quer lançar no mercado 500 licenciados por ano
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Na sessão solene do “Dia do IPCA”, João Carvalho assinalou que o aumento do número de alunos torna «insustentável» a continuação nas actuais instalações. «O custo mensal de 16.700 euros poderá ser utilizado no investimento em livros, em equipamentos informáticos e em actividades associativas », disse.
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Marta Encarnação

(extractos de artigo disponível na secção “notícias” do Diário do Minho, em 2006-12-20)

Comentário: conhecendo-lhe o perfil habitualmente discreto, custa-me perceber que ânsia de protagonismo público se apoderou deste meu caro colega de Escola, a não ser que os lugares transformem as pessoas; percebo também mal de onde lhe vem o “estatuto” para se abalançar em propostas de tão “largo” e controverso alcance.
Nem tudo o que diz é descabido, nomeadamente aquilo que se refere à coordenação da oferta regional de ensino superior, embora para tanto não sejam precisas nem fundações nem relatórios da OCDE de encomenda ministerial. A isto também já me referi nesta sede, há algum tempo. O problema é que, para além das instituições e das exigências de bom uso dos recursos públicos, existem pessoas e há algumas que nunca se deviam propor para o exercício de certas funções, por manifesta falta de competência e, nalguns casos, também falta de perfil pessoal.
Obviamente, na medida em que se lhe encurta o horizonte em termos de carreira académica, alarga-se-lhe o espaço para uma (futura) carreira política.

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